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Foto do escritorGenival Dantas

No lusco-fusco de um novo mundo (11/05/2020)



Tentando entender esse momento de agonia da humanidade, imposta por essa pandemia, do Coronavírus, fui buscar nas raízes da história, mesmo as mais distantes, bem longe de Johannes Gutenberg (1396/1468) inventor alemão, primeiro homem a trabalhar com a pensa e os tipos móveis de metal, a revolução da impressão e o advento de uma nova vida cultural, quando os fatos passaram do hieroglifos em papiros ou oralidade narrada pelos antigos.

Reza a história que a bíblia, o livro mais impresso sobre a terra, com mais de cinco bilhões de unidades impressas, teve os seus escritos iniciados por volta de 1600 anos A.C., ela foi escrita em três línguas, originariamente, 66 livros, sendo 39 livros do velho e 27 do novo testamento. Do início 1600 a.C. até 30 D.C. muita história foi narrada, incluindo as 10 pragas do Egito, durante o reinado do Faraó, Ramsés ll, entre 1270/1213 a.C., não permitindo a saída dos hebreus de suas terra, o resultado foi a série de maldições no seu reino.


Tudo começa com a transformação da água do rio Nilo em sangue, na sequência ocorreu à invasão das rãs, vindo os piolhos, moscas morte do gado, chagas, chuva de pedras, nuvens de gafanhotos, trevas e morte dos seus primogênitos. Depois da terra devassada e as tragédias sequenciadas, Ramsés ll se rende ao Deus de Moisés, ou o Munificentíssimo Deus (o mais generoso).


Depois da morte de Jesus Cristo o cristianismo que caminhava lentamente passou a se expandir agora de mãos dadas com o Estado, na união da Igreja Católica com o Império Romano. O Império Romano avança sobre a terra e carrega com ele a Igreja Católica, muitas vitórias e fracassos, até a queda do Império, nesse momento o Cristianismo já estava consagrado e em vários países se impondo em regime universal.


Por toda essa trajetória muitas guerras tiveram que atravessar pragas advindas da natureza, com os parcos recursos científicos que até hoje sofre para superar as dificuldades até mesmo dos nossos dias. Dentre as cinco maiores pestes que atingiram a humanidade tivemos no século 14, por volta de 1350, eliminando 1/3 da população da Europa.


A varíola foi outra peste no final do século 15 reduziu a população da Europa que era de 60 milhões de habitantes para cinco ou seis milhões em 100 anos. Todo planeta foi atingido por essa peste em termos de consequências indiretas. Mesmo tenho a varíola como principal elemento matador do ser humano no período, outras doenças, em escala menor também contribuíram com a tragédia humana. As outras que tiveram participação direta foram: sarampo, gripe, peste bubônica, malária, difteria, tifo e cólera.


Em 1801 a febre amarela e a revolta dos escravos fez chegar ao fim o Domínio francês sobre o Haiti. Principalmente a epidemia da febre fez o Haiti expulsar os franceses para fora da América do Norte, por conseguinte, ocorreram 50 mil mortes de soldados franceses, derrotados e sem perspectivas maiores, o líder Francês Napoleão Bonaparte, que se declarou cônsul vitalício do seu país, foi obrigado a vender, dois anos depois, 2.1 milhões de quilômetros quadrados de terra aos EUA (essa operação ficou conhecida como compra da Louisiana), dessa forma os Americanos dobram seu território.


Entre 1888 e 1897 o vírus da peste bovina matou 90% do rebanho africano, tendo sua população de humanos devastada no Sudeste da África, na África Ocidental e no Sudeste do Continente. A perda do rebanho levou à fome, ao colapso e à migração de refugiados deixando as áreas afetadas. Como consequência danosa ao Continente Africano, na década de 1870, 10% da África era controlada pelos europeus, entre 1884/1885, 14 países europeus passaram a serem proprietários de 90% do território africano. Todo esse prejuízo foi em decorrência do surto da peste bovina.


A dinastia Ming que governou por quase três séculos com influência cultura e política por grande parte do leste da Ásia teve um fim calamitoso e sangrento. Em 1641 uma epidemia chegou ao norte da China, culminando com a morte de 20 até 40% de mortes, em algumas áreas, o terror foi à associação da seca com enxames de gafanhotos. A situação ficou tão crítica que há relatos que parte da população faminta começou a se alimentar dos corpos das vítimas.


Depois dessa retrospectiva histórica e tétrica, ao mesmo tempo lôbrego, cheguei à conclusão que estamos numa situação de grande risco. Habitamos um mundo de tecnologias e cientificamente de homens preparados, uma medicina que mata de inveja a Hipócrates e Imhotep, Pai e Deus da Medicina, entretanto, somos verdadeiros aprendizes na resiliência no trato com os pequenos corpos estranhos ao nosso meio ambiente. E esses micros animais são capazes de destruir uma comunidade inteira de humanos em pouco tempo.


No Brasil ao contrário de vários países, senão a maioria deles, hoje reféns e alinhados na política do recolhimento coletivo para tratamento e distanciamento da pandemia que avassala a humanidade como um todo. Infelizmente, no nosso país estamos sendo conduzidos pela insensatez dos governantes, enquanto a OMS e os cientistas preconizam o afastamento social, o nosso novo secretário da saúde, vendido entre seguir o critério técnico e a estúpida cartilha do achismo, empregada nos arroubos do seu chefe direto, o presidente da República, ainda, Bolsonaro, a população tem seguido, normalmente a orientação dos governadores e prefeitos.


Essa discrepância em plena crise da pandemia do Coronavírus fez a geração de mais crises, a política, financeira ou econômica, de governabilidade de tensão entre os poderes, a ética ou moral. Todas elas impulsionadas pelo governo central, o Executivo que não consegue entender e diferençar o alho do bugalho. Dessa forma, se não acontecer um milagre a tempo, por parte de algum deus desconhecido, pois os conhecidos estão desacreditando neles próprios, acham até que não há mais jeito, estamos definitivamente perdidos, quem se salvar verá.


Genival Torres Dantas

Poeta, escritor e Jornalista

genivaldantasrp@gmail.com.br



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