O Fato Sem Politicagem 12/02/2021
As explicações do Ministro da Saúde Eduardo Pazuello ao Senado Federal foi um ato triste e melancólico, havia expectativas que o Ministro levasse informações plausíveis que justificassem algumas atitudes e até ausência dessas, minorando de certa forma sua atuação criticada e combalida no comando do Ministério de quem se esperava providências acertadas e assertivas no decorrer da pandemia do Coronavírus e suas sequelas.
Para quem chegou ao comando do Ministério respaldado pela fama de emérito operador de logística dentro do Exército brasileiro, onde, assim como Bolsonaro, fez curso de paraquedista. Muito embora o General de carreira, Eduardo Pazuello não fez por merecer, até então, toda expectativa no seu entorno, em muitas ocasiões sendo contestado pela sua inercia, objetividade e coerência nas suas ações, por todo tempo e ao tempo todo teve uma atuação sofrível.
Na tentativa de se segurar no cargo foi sempre conivente com o pensamento administrativo do Presidente Bolsonaro, apoiando suas iniciativas, colocando em risco a saúde pública de um país refém de um Presidente da República, que mesmo não tendo nenhum conhecimento mais profundo na área médica e científica, resolveu avalizar o uso de um produto, Cloroquina, usado no combate na malária, que ele fosse usado, ou testado contra o Coronavírus.
Esse gesto, talvez por excesso de preocupação com a população, sem nenhum trabalho de aprovação e certificação pela comunidade científica, gerou conflitos de interesses, com alguns profissionais da saúde aplicando o produto enquanto outros se negavam a fazer uso, até mesmo por princípios profissionais. Essa pendenga é motivo de acusações por parte de vários setores da sociedade internacional, implicando até mesmo no seu impeachment no cargo que ocupa.
Não vou entrar no mérito se há ou não razões suficientes para esse imperativo limite, ou extremado, estou apenas mostrando os fatos como eles foram colocados na grande mídia. O caso se agrava quando Manaus passou a ser uma área de turbulência médica, com falta de procedimentos capacitados no que tange ao controle da pandemia naquela praça, incluindo o banzé surgido com a falta de oxigênio suficiente para uso específico dos pacientes internados e de alto risco.
Não posso julgar se o Ministro Pazuello terá força psicológica para suportar a carga que está sofrendo pela oposição ao governo Bolsonaro e a sua atuação enquanto Ministro, ou se ele se sentirá desprestigiado pelo próprio Presidente da República e pedirá afastamento do cargo. O que importa nesse momento é que uma solução seja dada, o caso já tomou contornos inimagináveis, se ele é competente ou não é um assunto a ser discutido posteriormente, precisamos de ação.
Considerando que parte dos políticos brasileiros é formada por um mescla de falsa ideologia, com atuações voltadas para a defesa de si mesmo e que a Democracia é o exercício da convivência e convergência, certamente esse assunto se constituirá em muro de arrimo para várias negociações e só será colocado em pauta na hora que os números do desastre que ocorre no Ministério da Saúde quando a própria classe política se sinta sufocada pelas consequências.
Outro assunto que vem rondando os editoriais da grande imprensa é a situação de beligerância entre o Presidente Bolsonaro e seu Vice-Presidente Hamilton Mourão, a situação não é nada confortante para ambos. Mostrando seu lado cruel para seus opositores, Bolsonaro praticamente manda para lona o Mourão, sufocado por falta de verba o plano de apoio dos militares na Amazônia no combate do desmatamento foi abortado e antecipado para final de abril próximo, quando a previsão era de se encerrar no final de 2022.
O momento não podia ser pior para os militares, o PSB entra com representação na PGR, pedindo que esse órgão controlador se justifique na compra, em 2020, na compra de 700 toneladas de carne e 80 mil cervejas, para uso daquela corporação. Pede ainda a justificativa de valores exorbitantes, na compra dos produtos, que ele, o PSB acredita na hipótese de fores indícios de superfaturamento. Há uma máxima muito antiga que diz: urubu quando está sem sorte o de baixo quando faz suas necessidades suja no de cima. Esse caso nos reporta ao caso do STF e suas lagostas.
Genival Dantas
Poeta, Escritor e Jornalista
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