Um governo se faz com mais ações e menos intenções (02/02/2020)
Finalmente o mês de janeiro passou, mas não de forma despercebido, muita água rolou por baixo da ponte política, com muitos ajustes e acertos firmados. Os EUA fechou acordo comercial com a Chia, primeira fase, e põe fim aos rumores que havia uma onda de desentendimentos no ar, cujas consequências poderiam ser fatais para o resto do mundo, uma briga comercial entre as duas maiores potências comerciais do mundo poderia acarretar perdas e danos para todos nós que estamos envolvidos na necessidade de crescimento ou mesmo manutenção dos nossos patamares de exportações.
Sem dúvida, o mundo sai ganhando, entretanto, o Brasil pode até ser prejudicado parcialmente, pois no acordo EUA e China há compromisso dos chineses de importarem dos americanos mais commodities, dentre esses produtos agrícolas encontra-se a soja, produto que a China é nosso maior importador. Olhando com olhar positivo, qualquer perda pode ser superada com exportações que o Brasil possa vir fazer para parte de países asiáticos e a própria índia, fundamentalmente agora que o Presidente Bolsonaro fez acordo de elevar nossas transações comerciais, simplesmente duplicando nossas exportações para os indianos, saindo do patamar inicial e atual de U$7,5 bi para U$15 bi, ainda para o ano em curso, não é muito, mas já é um alento.
Na Europa o Brexit foi aprovado e como consequência o Reino Unido, depois de uma união de 47 anos sai da União Europeia. Por enquanto e ainda por 11 meses praticamente a rescisão vai ser sentida apenas no papel, muitos acordos continuarão prevalecendo. O lado prático da decisão tomada pelo Reino Unido só será avaliada depois de muito tempo, quando a liberdade de ações do Reino Unido começar a mostrar as consequências dos erros e acertos nessa manobra que particularmente eu considero arriscada. O governo britânico já encontra dificuldade em domar o espírito nacionalista dos escoceses que não queriam esse desdobramento.
Afinal, outros empecilhos vão surgir naturalmente, com 66 mi de habitantes a menos a União Europeia vai ver sua população para aproximadamente 446 mi de habitantes, com grande potencial de consumo e investimentos, o Reino Unido perde apenas para a Alemanha. Enquanto isso, no Eurotúnel, passagem entre Reino Unido e França como ficará, com a mesma liberdade de acesso e desempenho em termos de logística, só o tempo vai nos dizer e corrigir os pontos divergentes tornando-os convergentes.
No Brasil, o começo do ano não foi menos tumultuado comparando ao ano anterior e começo do governo Bolsonaro. Muitos números positivos começaram a criar uma atmosfera positiva, primordialmente na área econômica, com o Ministro Paulo Guedes apresentando resultados favoráveis para que esse ano seja bem melhor que o anterior e pior que o próximo, assim ele se apresenta. O desemprego começa a perder fôlego e atingimos o patamar de 11% de desempregados, não é um número para se comemorar, entretanto para quem pegou o país em estado desanimador é uma vitória.
A dívida pública depois de seis anos cai pela primeira vez muito embora se mantenha em patamar elevado, ou seja, 75,8% do PIB, já tivemos pior, em novembro/2019 o número era de 77,6% do PIB, tudo provocado pelos desgovernos anteriores e a partir de 1985 e encerrando com a catástrofe administrativa do período da Dilma Rousseff, passando pelos dois mandatos de Luís Inácio Lula da Silva, outra temeridade apocalíptica. Com os novos dados os brasileiros nutrem um pouco de esperança e para quem continua desempregado já há uma luz no fundo do túnel, para o pessimista um trem sem sua direção, porém para o otimista e que acredita nas suas possibilidades é um clarão de paz para sua vida e de seus familiares.
Nem tudo representa rosas na roseira, há folhas vivas e mortas, além de espinhos. O BNDES continua a espalhar notícias tortuosas e alarmantes, agora surge o custo de uma auditoria envolvendo operações entre Odebrecht, J&F e o próprio Banco de fomento. Para surpresa geral os custos apresentados, R$23,4 mi, depois do orçamento aprovado inicialmente e suplementações, elevou-se para R$ 48 mi, inclusive adicionais feitos dentro do período da nova gestão, no final o número foi reduzido para R$ 42,7 milhões. Essa distorção fez os ânimos se exaltarem entre Bolsonaro e o presidente da Instituição bancária Gustavo Montezano, esse é um assunto para muito remancho dentro do atual governo.
Outro assunto que veio a tona foi a viagem do ex-secretário executivo da Casa Civil, Vicente Santini, feita em jato particular ao exterior para se encontrar com a comitiva do Presidente Bolsonaro, feito esse considerado um absurdo e cujo desfecho foi a demissão do executivo, readmitido dentro do próprio setor, em cargo diferente, e demitido novamente, isso ocorrido em 24 horas. Como se tratava de auxiliar direto do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, estando esse de férias esperava-se sua chegada o que aconteceu de imediato, para outras decisões dentro do seu ministério. Como se dizia pelos corredores, ele tem respaldo no Congresso Nacional, é ele que sustenta as colunas de apoio entre Rodrigo Maia, Davi Alcolumbre, presidentes da Câmara Federal e o Senado, respectivamente. Todos do Dem.
É lamentável que alguém tenha que ter relacionamentos paralelos para se mantiver em cargos públicos, seja o cargo que for, pior ainda, o assunto ser de conhecimento público, esse tipo de situação gera a sensação de falta de competência ou falta de amor próprio. Fala-se ainda que houvesse até uma tentativa de acerto, sendo oferecida ao atual ministro da Casa Civil a liderança no Congresso, o que foi rejeitada de pronto, não podia ser diferente, em primeiro lugar o ministro, em função do seu atual cargo, está desgastado com o Congresso, depois, se lhe foi oferecido essa posição para que ele se abduzisse do cargo foi no mínimo humilhante e foi uma propositura de risco para o Executivo, caso o referendado goze do conceito junto aos comandantes do Congresso. Essa é uma verdadeira sinuca de bico, saia dessa Bolsonaro!
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