As dificuldades da vida nos fortalecem e nos ensina a sermos melhores, partindo dessa premissa, é bom lembrarmos que o atual momento não será eterno e sairemos se não vitoriosos pelo menos mais próximos das nossas buscas incessantes e sem bússolas. Como enumerei acima é fato que não devemos antecipar as respostas apenas para nos satisfazer, o tempo é mais sábio que imaginamos, dessa forma é de bom alvitre ter uma boa dose de paciência, outra virtude valiosa, aproveitando esse espaço para uma reflexão mais profunda.
Com tudo desencontrado, as pessoas tentando sair do marasmo provocado pela inexatidão das informações adversas sem sabermos até onde o despreparo das autoridades nos levará; claro que buscamos um final feliz para todos nós, mas sabemos que nem todos terão a mesma sorte, estamos no meio de uma pandemia composta de muitas mortes e incerteza é nesse momento que a nossa capacidade de superação tem que ser superior aos nossos medos e receios.
Quanto mais o cerco é feito pela ausência de tomada de decisões mais fica periclitante, absorvidos pelo pavor do desconhecido e do imponderável tudo se torna mais limitador e destrutível, o que não podemos permitir é que nossa sanidade mental seja afetada e caiamos em depressão, temos que superar todos os níveis de descontrole que o nosso emocional queira nos provocar. Nessa hora de isolamento social fica difícil superarmos a solidão das horas recolhidos, muitas vezes, ao som das batidas do relógio, indicando o final de mais um dia e o início de uma nova noite tétrica e fria.
O que nos consola são a esperança que em todos os cantos do mundo há pessoas, técnicos, médicos, cientistas e outros profissionais a buscarem soluções urgentes e emergências na cura do mal que assola toda humanidade, acreditemos, essa solução está próxima, não duvidemos, pois a capacidade humana sempre suplantou as adversidades, os perigos e o inconcebível. Valorize o máximo que você puder essa oportunidade que você tem em sua vida de fazer uma avaliação dos seus valores, suas falhas e seus acertos, nunca é tarde para mudarmos, mesmo que você sinta que essa necessidade não seja tão forte e necessária na sua vida.
Só nós e Deus sabemos das nossas fraquezas do quanto somos imprecisos nas nossas atitudes, o quão somos ingratos com tantas pessoas que nos foram solícitas e bondosas com nossas incompreensões, até mesmo nossa arrogância e bobagens. Volte ao seu passado, mais distante ou não, verifica lá quantas coisas deixamos de fazer ou empreender, pessoas boas que as deixamos para trás que devíamos ter lhes dado mais valor, simplesmente fomos trocando os velhos pelos novos sem imaginarmos que é o tempo e a convivência responsáveis pela apresentação dos valores reais e que nos são caros.
E as nossas escolhas, será que fomos bons juízes ao fazermos avaliações daquilo que nos servia ou não? Por acaso não fomos incompreensíveis na hora de decidirmos, será que tínhamos à época, ou agora, condições de aquilatarmos o que é bom ou ruim? É justo julgarmos os nossos pares? Não é ser cruel aplicarmos notas aos outros? Infelizmente a vida é feita de escolhas e muitas delas são transformadas em escolhas de Sofia.
Não gosto de falar da minha própria vida, entretanto há momentos que temos de usar até mesmos exemplos da nossa experiência para elucidar fatos. Nunca foi um exemplo de ser humano perfeito, andei procurando a perfeição não obstante a sua distância em meus caminhos, cai e levantei por várias vezes, por ossos do ofício fui largando amigos pelas estradas, cacarecos também, não dava para leva-los comigo, quem muito muda tem a inclinação de acumular coisas, amizades e inimizades, por que tudo isso aconteceu, só o tempo foi trazendo as respostas nos seus devidos tempos e valores.
Nesse momento de autoanálise, temos tempo para isso, é muito bom que façamos uma avaliação de tudo que perdemos o que ganhamos por sermos como somos se não vale a pena procurarmos alternativas para não termos novos prejuízos, se esse for o caso, não tenha vergonha de reconhecer seus erros, se apresentar com uma nova roupagem, principalmente se ela for à roupa da humildade. Sempre há tempo para nos reconciliarmos com os outros e, primordialmente, conosco. Como estamos todos andando de máscaras retiremos a nossa, aquela que nos deixa escondido, do mundo e das nossas falhas, sejamos corajosos, pois.
Genival Dantas
Poeta, Escritor e Jornalista
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