
O Fato Sem Politicagem 01/10/2020
Depois da pressão maciça da opinião pública contrária aos objetivos do Governo Federal de fazer uso dos valores para pagamento de precatórios, com adiamento dessa dívida para “sine die”, e ainda, uso de recursos do Fundeb (Fundo da Educação Básica), para financiar o fatigante projeto da Renda Cidadã.
Como já era esperado, em menos de 24 horas, Paulo Guedes, Ministro da Economia, anuncia a suspensão dessa tentativa até que um novo plano meticuloso, segundo sua ótica, seja colocado em prática e seguido por nova tentativa de ação, e assim, sucessivamente até que uma atitude de sua equipe seja definitivamente boa e aceita pelo Congresso Nacional.
Enquanto a lambança não seja definitivamente resolvida, mostrando sua parceria, seu estreito relacionamento, até de mãos dadas em direção ao futuro com o Executivo, Davi Alcolumbre (DEM), Presidente do Congresso Nacional, depois de muita confabulação, idas e vindas, em bocas pequenas, surge alteroso, no alto da sua picardia, anuncia em voz alta e bom som, novamente, a sessão do Congresso para análise ao veto do Presidente Bolsonaro à desoneração da folha salarial das empresas estava adiada.
Alegou o nobre Presidente da Casa absoluta falta de Quórum, ainda a total falta de acordo dos Líderes para que o veto fosse mantido, o que ele não falou, verdadeiramente, foi à falta de voto do Governo Federal que em matéria de liderança encontra-se acéfala, órfã e desarticulada.
Essa queda de braço decorre em função do Governo Federal não ter nenhuma fonte de recursos a que venha substituir os valores deixados de cobrar com a desoneração, aquele imposto que vem sendo proposta com essa finalidade, ressurreição, em nova embalagem, da CPMF, continua sendo motivo de desagregação de aliados, do governo, dentro do Congresso Nacional. É esperar para ver com quantos Deputados não se aprova um imposto em vésperas de eleições.
O que de fato chamou atenção dos que convivem com o entorno da Praça dos Três Poderes, e seu entorno, foi à mudança brusca de direção que o Presidente Bolsonaro tomou na escolha do substituto imediato para o Ministro Celso de Melo que se aposenta dia 13 próximo e já anunciou sua retirada do cenário jurídico, o que não seria diferente, ele cumpri rigorosamente o prazo de aposentadoria, por idade.
Depois de muita especulação, boatos, apostas e palpites, passando pelo nome do ex-ministro, Sérgio Moro, hoje desafeto do Bolsonaro, se agasalhando nos nomes do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira e do Ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, surge de repente não mais que de repente o nome do ilustre Desembargador Kassio Nunes Marques, (TRF-1).
Não vou questionar o aspecto técnico e jurídico da preferência do Presidente pelos apontados e as razões pelas quais estão sendo preteridos pelo nome da surpresa na relação dos nomes, pelo menos para o grande público. O Desembargador Kassio é nordestino, Piauí, dizem que bastante religioso, é um tanto quanto conservador e resistente aos preceitos da Lava Jato.
Dessa forma, o postulante mais cotado foi levado para o TRF-1, em 2011, governo Dilma Rousseff, próximo do governador do Piauí, Wellington Dias (PT), aliado do Senador Ciro Nogueira, Presidente do Partido Progressistas e um dos mais influentes líderes do famoso Centrão.
No atual cargo votou contra a deportação do italiano Cesare Battisti e teve outras práticas com robustos pensamentos petistas, mesmo assim, o Presidente Bolsonaro faz reunião na casa do Ministro Gilmar Mendes para discutir a sucessão do Ministro Celso de Mello (STF).
Informações dos jornais falam da presença, nessa reunião, de outro Ministro do STF, Dias Toffoli, assim como o anfitrião é contrário aos princípios do Projeto Lava Jato, pensamentos dissonantes do atual Presidente do STF, Luiz Fux, nem mesmo foi convidado ao convescote. Outra figura ilustre nessa reunião informal foi do Presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (DEM), favorável ao Desembargador Kassio pela simpatia que o preferido de última hora tem pela reeleição do Alcolumbre no comando do Congresso.
Tudo isso seria normal não fora a forma como as coisas andam acontecendo nesse momento político e exatamente com o Bolsonaro que ganhou as eleições pregando compostura e lealdade aos princípios da dignidade política, total ausência de cambalacho, o que percebemos é um novo tempo no tempo atual do político Bolsonaro.
Causa-nos estranheza esse amor repentino e arrebatador que o Presidente sente pelo Centrão e os políticos do nordeste brasileiro, eu que entendia que a sua predileção política era pelas alas dos militares e evangélicos, percebo que a preferência do Bolsonaro é muito flexível e vulnerável acompanha a direção dos ventos e até onde as suas possibilidades de sucesso alcance, profundamente lamentável para um líder político que pensa até, e só pensa nisso, prioridade total e absoluta, na reeleição, como brasileiro e eleitor lamento e sinto pena do nosso povo e Estado.
Genival Dantas
Poeta, Escritor e Jornalista

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