Sintomas de algumas doenças precisam ser mais bem avaliados (Trata-se muito mais de uma confissão)
O fato sem politicagem 15/05/2022
Quando eu falo em avaliação estou me referindo em termos de avaliação familiar, claro, depois do diagnóstico feito por um profissional médico, reconhecidamente competente. Tenho lido muito na imprensa sobre algumas doenças, principalmente depois do Coronavírus e suas sequelas. Esse tema me remete sempre a um período da minha vida, início dos anos 1980, quando entrei em uma crise depressiva e tive que me submeter a uma verdadeira via sacra médica.
Vou, de alguma formar, tentar ser sucinto para não me tornar prolixo na minha narrativa. Nos meus 27 anos de idade, trabalhando em multinacional; promovido fui para um cargo de relevância (vou omitir o nome da empresa em respeito a sua história) e transferido para o interior do Estado de São Paulo; cargo novo, funcionários novos, mesmo sendo da mesma empresa, primeiro cargo de comando na empresa, respaldado por toda infraestrutura tecnológica e material humano disponível.
Mesmo com todo apoio que tive pelos meus superiores me mantive por 5 anos no novo cargo, emocionalmente desconstruído, em busca de uma solução médica passei por muitos profissionais médicos até desembocar na sala de um Neurologista, professor na matéria e dar o diagnóstico da minha provável doença. Convém ressaltar que à época não era conhecida à famosa Síndrome do Pânico, uma das vertentes da depressão.
Mesmo sendo tratado e não querendo ser considerado um homem fraco, não fraquejei um só dia, me fiz de forte, superei todos os obstáculos que apareciam me transformei em um homem movido por medicamentos fortes e contínuos, a carga medicamentosa era muita alta, os efeitos colaterais foram aparecendo e eu fui os tratando da melhor forma que convinha a medicina e ao meu tratamento, claro. Cheguei finalmente em uma encruzilhada apontada pelo meu analista.
Depois de atingir os objetivos da empresa, por longos 5 anos, e mantendo os tratamentos indicados, a doença se estabilizou, porém a honestidade do meu analista (Psiquiatra) foi simplesmente denotativa: “Nosso tratamento para por aqui, já fiz tudo que tinha por você e pela sua saúde, doravante você vai continuar tomando medicamentos para manutenção do quadro controlado e, ou sai da empresa e vai cuidar da sua vida para o seu bem e seu progresso como profissional.”
Foi uma decisão difícil, foi 10 anos de dedicação àquela empresa, com sucesso obtido me sentia seguro, mas eu tinha que tomar outros caminhos em direção ao futuro que me esperava, eu estava, ainda, com 32 anos. Confesso que sofri muito nesse período, por sofrer com uma doença que não havia um diagnóstico correto, tomei remédios para tudo que se relacionasse com quadro depressivo, fui transformado em uma cobaia humana, entretanto, necessária para a minha própria cura.
Não me arrependo dos caminhos percorridos, das decisões tomadas, sai em busca da minha cura, depois de negociar com a empresa e ficar seis meses para definirem meu desligamento, porém a espera foi boa para as partes, fui ao mercado, continuei trabalhando para terceiros, até comprar meu próprio negócio e trabalhar até meus 65 anos (hoje tenho 69 anos). Mesmo com todos os cuidados que tive, e tenho, a cura não apareceu, mas continuo operativo mesmo com muitas as comorbidades que foram aparecendo.
Todo sacrifício que fiz foi justificado por eu ter formado meus filhos, tenho uma família que me proporciona muitas alegrias, uma esposa que, depois de entender o meu caso, foi um verdadeiro amparo na minha vida, para minha sorte ela tem a formação de Bioquímica, ficou bem inteirado do meu caso, estamos por mais de 50 anos nessa luta. Se eu perdi algumas chances na vida, em função do meu caso médico, em compensação ganhei muito com meu enriquecimento espiritual.
Deixo uma colocação que acho fundamental na relação humana, mormente entre os familiares: “nunca releve a doença das pessoas próximas”, principalmente a DEPRESSÃO, ela é uma fatalidade dentro de nós humanos, e ignorar o paciente e seus sintomas, os mais diversos possíveis, é crucial para o paciente, que precisa ser olhado com o alhar de fraternidade, humanidade e apoio moral e logístico, trata-se de um momento de muita carência afetiva e de solidariedade, ele precisa de você.
Quando as pesquisas apontam que o Brasil tem 11% de depressivos, quadro alarmante, superando até mesmo os diabéticos que gira no entorno de 10% diagnosticados; esse número é assustado, pois a depressão vem atingindo os mais jovens, sendo esses os mais vulneráveis, se não tiverem um apoio familiar e médico torna-se uma fatalidade de difícil equação. O meu objetivo é orientar, nunca assustar quem não merece; sucesso aos pacientes e familiares.
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