Não gosto de sequenciar determinados temas, mormente aqueles de elevado nível de emoções, entretanto como fui evasivo em algumas informações sobre os resultados numéricos da tragédia que devastou a cidade de Petrópolis esta semana, fui obrigado, até por coerência me ater um pouco mais nesse tema desconfortante, porém real.
Eu falei no texto anterior, denominado “Acidentes e mortes não é apenas índice pluviométrico” dos desvios de conduta de algumas autoridades nesses casos que envolvem diversos esferas e níveis de governos. O caso presente é um fato que causa consternação pelo desempenho e falta de interesse em resolver questões tão importantes para a população.
Jornais saíram em busca de dados para elucidarem suas manchetes e desenvolvimento dos temas, calcula-se que diversos ministérios empenharam R$ 987,6 milhões para atender parte dos prejuízos causados pelas enchentes de 2011, claro que o tempo é curto para levantarmos todos os contrastes e desprezo pela coisa pública.
Citando apenas um caso, dos R$ 53 milhões empenhados pelo Ministério do Desenvolvimento Regional, apenas R$ 11,6 milhões foram repassados nos últimos anos, para obras de drenagem urbana, tão necessária para se evitar novos acidentes semelhantes e tão grave, em 2011 tivemos 918 mortes naquela Região Serrano do Rio de Janeiro.
Ainda, para contenção de encostas o valor empenhado era de R$ 60,2 milhões e o total gasto foi de R$41,4 milhões foi liberado aos municípios, não podemos esquecer que “os repasses são feitos de acordo com a execução da obra e a responsabilidade é dos entes proponentes”. Nos dois casos faltou iniciativa e acompanhamento na execução das obras.
O governo do Estado depois de 10 anos da tragédia, em 2021, de um total de R$ 1,5 bilhões reservados à construção de moradias, contenção de encostas e limpeza do leito dos rios, R$ 500 milhões não foram usados, há ainda pendencias, pois das 3.250 moradias apenas 1025 foram entregues, gastaram 2/3 do dinheiro e construíram 1/3 de moradias.
Os valores apresentados acima são recursos federais. O governo do Estado do Rio de Janeiro tinha reservado, recursos próprios uma verba, o ano passado, de R$ 402,85 milhões, 60% desse valor não foi usado, ou seja, foi investido apenas R$ 167,28 milhões. Esses números nos mostram o quanto as autoridades estão distantes dos problemas nacionais.
O que impressiona é a presteza dos nossos governantes, quando estão nas tribunas e nos holofotes e câmeras, tanto o governador do Estado do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, quanto o presidente Jair Bolsonaro, ambos prometeram agilizar recursos para atendera as demandas em Petrópolis, é bom não esquecer que dinheiro prometido não é dinheiro usado, nem mesmo empenhado.
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