A figura asquerosa que passava do outro lado da calçada
Assustava e causava repulsa como alguém nauseante
Parecia muito mais um protótipo da deselegância
Modelo de uma marmota faminta fugitiva da mata
O sol por entre nuvens claras surgia de repente
Anunciando fortes ventos espantando a chuva;
O espectro era triste e continha nele marcas das decepções
Não nascera esquálido, porém tinha a imagem da preguiça.
Nada de anormal, não fora o absinto do seu lamuriar
E o desprezo que tinha quando se falava em atividades
Um trabalho por menor que fosse para sua sobrevivência
Nem mesmo se encorajava quando era chamado a se alimentar;
Tratava-se realmente de uma peça de muitos defeitos
Poucas qualidades e raríssima capacidade de criatividade
Tudo que pensava era voltado para a promiscuidade e o errado
Tinha sede da maldade, de vingança eram compostos seus desejos.
Sempre materializou a descompostura e a malignidade
Apenas comparado aos ratos malandros da caatinga e do cerrado;
Tanto fez contra a humanidade que se juntou aos desautorados
Depois de tanto luxo e poder, se resumiu a insignificância do Ser
Despido da deontologia e longe das mansões e talheres de prata
Se embuziava na lavagem recolhida aos mais esfaimados porcos
Vida dedicada aos delitos, sáfaro no seu jeito rude de viver
Desqualificado no seu mais simples gesto de delicadeza;
No final da vida não existia mais amigos, companheiros ou parceiros
Os antigos aliados de bravatas, agora irmão e cúmplice da charlatanaria
Dispersos por entre muros e colunas conhecidas como segurança máxima
Contabiliza o saldo negativo das investidas nos crimes praticados
Na parlapatice do incrédulo recolhido busca uma fuga milagrosa e insana
Já velho e sem forças para reação o mitomaníaco solitariamente ficava;
Perdoado pelo avançado da idade, sem parentes nem aderentes, agora livre
Livre apenas das cercas e mordaças físicas, virou homem de rua
Alojado sob marquises pontes e viadutos o lacaio procurava adormecer
As amarras provocadas pelas suas sabujices mantinham sua alma distante
Ausente da realidade em um lixão urbano e ignorado na falência múltipla
Na sua lápide: resto do chorume de uma escória humana a permanecer.
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