O Fato Sem Politicagem 25/9/2020
Esta semana que estamos encerrando representa também o linear do final de setembro, automaticamente o fechamento do terceiro trimestre de 2020, com algumas situações pendentes, outras em fase de conclusão, mas sem um diagnóstico perceptivo que os propósitos de governança sejam compostos por ações exitosas, pelo menos para o futuro.
Algumas reflexões de alguns pensadores ligados ao mundo econômico nacional nos faz refletir muito sobre nossas reais possibilidades no pós-pandemia, o durante já é um fato real e de muitas controvérsias, uns apostam no controle total da pandemia quando outros ficam com uma visão mais real.
Principalmente agora que o mundo, em primeiro plano, a Europa, com sua recaída e os números de infectados mostrando que nem tudo está sob o controle dos governos mais positivistas como a Inglaterra, Espanha e a França, com seus planos adiados para poderem reforçar o combate ao mal que nos persegue desde fevereiro do ano em curso.
Aqui no Brasil não podemos esquecer que estamos numa faixa de controle parcial, alguns Estados continuam oscilando entre estabilidade e a escala crescente quando tratamos de infectados, não esquecendo que ainda temos um contingente de mortos diários acima de 800 vítimas, enquanto os infectados ainda não baixou dos 38 mil pacientes espalhados por todo território nacional.
Fiz uma leitura da entrevista do engenheiro, administrador de empresas, com transito por vários governos do nosso país, dentre eles de José Sarnei, Fernando Collor de Mello, Fernando Henrique Cardoso, Michel Temer e por fim, do governo Bolsonaro. Refiro-me ao Pedro Parente, reconhecidamente como um bem-sucedido gestor de crises.
Foi no governo do FHC, 2001/2002, o referendado como chefe da Casa Civil, com amplos poderes, presidiu o comitê de gestão de crise, com extraordinário resultado. Avaliou o entrevistado, a situação era outra, com um comando centralizado no Governo Central em conjunto com alguns órgãos que lideravam todo trabalho de combate à crise, e todos federais: Operador Nacional do Sistema (ONS), Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
A participação desses órgãos mais o aparelhamento de alguns ministérios não foi difícil superar a crise, existia união e comando, além da Casa Civil existia o respaldo do próprio presidente da República. Diferentemente de hoje, temos uma crise sanitária que devia ser compartilhada por todas as esferas de governo e o que de fato há é uma dissociação completa, sem comando e sem os devidos cuidados e controles por quem de direito.
Nessa mesma esteira li a entrevista do também importante figura na economia nacional, Alfredo Setúbal, engenheiro e economista, no comando da Itaúsa, holding de investimentos que tem o portfólio de empresas como Itaú, Unibanco, Alpargatas e Duratex. Esse megaempresário procura não ser muito otimista, entretanto acredita na resiliência do povo brasileiro.
Quanto à retomada da economia ele tem uma opinião que não foge muito do pensamento da maioria do empresariado brasileiro e com robustas razões. Ele ressalta a divisão da nossa economia centrada em um tripé com distribuição bem clara: o setor serviços opera hoje com 60% do nosso potencial, o agronegócio fica com uma fatia bem representativa de 25% e o restante de 15% com a indústria, que já teve mais representatividade na nossa economia.
Pegando apenas a opinião de dois formadores de opinião e com muitas responsabilidades empresariais e sociais, eles fazem parte de alguns conselhos empresariais, portanto, respondem por um número muito algo de empregos dentro da nossa conjuntura econômica.
Nessa hora eu me lembro de um único momento em que estive negociando um contrato de fornecimento para uma entidade beneficente, cujo presidente de honra era o saudoso e não menos importante, enquanto atuava o engenheiro Antonio Ermírio de Moraes, tinha na sua postura a imagem do líder nato e a imperiosa necessidade de mostrar seu amor pela terra brasileira.
Foi exatamente naquele momento que pude perceber que nem todo grande vencedor é um tagarela, pelo contrário, normalmente são pessoas introspectas até, são acima de tudo humanas sem serem piegas, duas qualidades que diferenciam das demais pessoas, honestas e humildes.
Durante minha trajetória profissional tive contatos em negociações com várias personalidades do cenário nacional, mas nunca, em momento algum, aprendi tanto e pude colocar em prática tantos ensinamentos que tive em tão poucas palavras ditas pelo meu interlocutor. Dali para frente teve um espelho de luz em minha vida.
Logo agora que mergulho no mundo da consultoria surge a certeza que ele não ouviu nunca mais falar da minha pessoa, entretanto levo comigo a imagem e a impressão de uma figura extraordinária com quem estive talvez um quarto de hora, efetivamente, o mais curto tempo que não posso e não devo esquecer, porém peremptório.
Genival Dantas
Poeta, Escritor e Jornalista
Komen