O Fato Sem Politicagem 29/01/2021
Ruído na comunicação é o que gera as situações mal colocadas quando o assunto é relevante para os interlocutores de um projeto em andamento. Da mesma forma, um corpo opaco, de transparência difusa gera, em quase todas as situações, o risco iminente de ser transformado em aparência bem distante da sua forma original, quando não equiparado a uma dicotomia rudimentar.
Nada mais tristonho que o sol se escondendo no horizonte depois de um dia de muitas incertezas e aproximação de uma noite que vem chegando sem a companhia de uma lua cheia, trazendo como arraste a negritude de um céu sem suas estrelas cintilantes e fartas. Duas situações distintas e tão próximas a nos mostrar quão dilacerante a presença da amarga presença do desconhecido em forma de futuro incerto a nos provocar.
Janeiro vai chegando ao seu final, de forma melancólica, como tem sido o final de cada mês nos últimos tempos, acentuando-se agora a disputa das eleições para o comando das Casas que compõem o Congresso Nacional. Próximo dia primeiro será definido os nomes que efetivamente vão comandar o Poder Legislativo Nacional, tudo normal se não fora o retorno da velha política aos palcos da desastrada política do “dando é que se recebe”.
Velha história protagonizada dentro do Congresso por líderes políticos de diversos partidos sequenciando uma tragédia anunciada para a moralidade administrativa dos Poderes da República. Nada mais nefasta que essa modalidade de participação e cooptação de um Poder por outro, nesse caso, o Executivo domando parte do Legislativo em troca de favores como cargos públicos e liberação de verbas para alguns parlamentares e que os valores sejam usados nos seus currais eleitorais.
Fala-se em R$3 bi divididos entre 250 deputados e 35 senadores, pertencentes ao famoso Centrão, como forma de agradecimento que o Governo Federal retribui pelo apoio recebido aos nomes dos dois candidatos do Planalto, na disputada das mesas, Arthur Lira (Progressista/AL) e Rodrigo Pacheco (DEM/MG) comando da Câmara e do Senado, respectivamente.
Essa é a forma mais abjeta que já convivemos politicamente, no nosso país, tão condenável por ser perniciosa, tacanha e abominável, tão defectível que o atual presidente da República ganhou as últimas eleições condenando essa prática criminosa e letal, alguém pode até defendê-la, alegando que não seja Ilegal, mesmo assim é imoral.
Se for configurada a desdita de termos um Congresso, basicamente, sequestrado pelo Executivo, de forma tão humilhante para a classe política, teremos a continuidade de uma das páginas mais triste da nossa história, com os presidentes da Câmara e do Senado virando capacho do Executivo, não mais teremos pedido de impeachment do presidente da República e nem mesmo CPIs contra o atual governo.
Não que o impeachment do Bolsonaro seja um tema essencial nesse momento, porém é preciso que o Presidente responda constitucionalmente pelos seus desacertos explícitos, nesses últimos dois anos, mais ainda, a falta de comando no combate a pandemia do Coronavírus não pode ser relevada e deixada por isso mesmo, as mais de 220 mil mortes que já ocorreram precisam ser questionadas juridicamente, de alguma forma alguém, ou alguns vão ter que responder por essa tragédia anunciada.
Não podemos admitir ou concatenar com os desmandos do Governo Central com política tão macabra como essa empregada pelo Governo Bolsonaro no decorrer dessa pandemia, se ele, Bolsonaro, não foi o responsável direto pelos transtornos que estamos vivendo, indiretamente patrocinou discursos sabotando o processo de vacinação e até mesmo contrariando o bom andamento da fabricação das vacinas de origem chinesa, agora se passa por um garoto propaganda do produto referenciado.
Essa é mais uma prova que o nosso presidente não gosta de trabalhar em harmonia, trata-se de um verdadeiro impulsionador da anarquia administrativa, desrespeitando o principio básico da Democracia, que é a paz e a coerência entre os povos. Esse lado obtuso do presidente Bolsonaro vai sendo ampliado, a julgar pelos seus últimos comentários ele vem se tornando uma pessoa perigosa para o País, quando no exercício do cargo que ocupa, não pela sua atuação, por absoluta falta dela e sua resistência ao que são técnica e científica, preferindo as conjecturas burlescas.
Genival Dantas
Poeta, Escritor e Jornalista
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