
O Fato Sem Politicagem 23/9/2020
As participações do Brasil na Assembleia-Gerais da ONU foram sempre polemizadas e carregadas de protestos, alguns positivos, outros negativos, mas desde sua fundação, 75 anos, o Brasil foi fundador desse órgão internacional, que as variações de narrativas se diversificam, sempre pautadas nas ideologias dos nossos representantes que ali vão para, sempre, desbulhar seus rosários de amarguras, ou até mesmo para autoelogio, enquanto autoridade do Governo Brasileiro.
O Brasil mantém Missão Permanente junto às Nações Unidas, ela é responsável pela participação do Brasil nos eventos da ONU, que interessem ao país, incluindo-se as reuniões da Assembleia Geral e do Conselho de Segurança, no qual o Brasil vem ocupando assento não permanente. Algumas curiosidades cercam a nossa presença naquele órgão, dentre elas tem origem na tradição do Brasil ter a primazia de discursar antes de qualquer outra Nação.
Esse fato vem ocorrendo desde a participação do Brasil, na segunda Assembleia Geral, com a presença do nosso então Ministro das Relações Exteriores, Osvaldo Aranha. Há controvérsias quanto ao verdadeiro motivo desse privilégio não formal, não consta qualquer documento justificando essa condição de privilégio dado ao Brasil. Mas, afirmam que um dos motivos foi à posição do nosso país ser considerado país neutro, dessa forma para evitar tensões entre os americanos e soviéticos, consensualmente foi estabelecido esse critério permanecendo até hoje.
Outro fato como curiosidade positiva foi a participação da ex-presidente Dilma Rousseff, como a primeira mulher a discursar em primeiro lugar naquele Órgão. Infelizmente, como curiosidade negativa é o Brasil caminhado e direção ao obscurantismo, desde a fase dos governos dos militares, com José Sarnei, Fernando Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff, Michel Temer e finalmente, Jair Bolsonaro.
Em todos esses governos seus representantes primaram pela eloquência no trato do status pessoal, o eu sendo colocado em primeiro plano, quando o mundo queria ouvir e saber do País, dos seus planos e prioridades, tinha que ser impessoal o que efetivamente não vem ocorrendo. Neste ano tivemos um desastre anunciado e previsível com a participação mais uma vez do presidente Bolsonaro, mesmo remotamente, ele tem a capacidade de apavorar aos bolsonarista e lulistas, ao mesmo tempo.
Os bolsonaristas ficam preocupados nas defesas que terão que fazer pela retórica reversa nos seus pronunciamentos, sempre hilariantes. Os lulistas na correria que fica entre eles para contestarem todos os pontos apresentados pelo presidente, mesmo que sejam teses constituídas de fiascos. Demorei até para juntar as pontas dos pensamentos dessas correntes de emoções contrastantes e os juntei de forma bastante civilizada:
Matas, Pantanal, Fauna e Flora - verdadeiro regalo para os bolsonaristas, rasgados elogios ao mito que soube com altivez defender seu governo das intempéries provocadas pelos lulistas e seus seguidores sem pátria e sem bons costumes, verdadeiros destruidores de tudo que se faz de bom para o Brasil, a imprensa comunista então é outra beldade de desfolhamento provocada pela voracidade do ácido contido nas páginas escritas por seus jornalistas comprometidos com a esquerda mundial;
Para os lulistas e sua tropa de abnegados soldados em prontidão na defesa do passado de glórias do seu ídolo maior, o preso solto Sr. Lula. As palavras do Bolsonaro soam como verdadeiras trombetas indicando o caminho do desterrado insólito provocante de desgraças no seio da pátria. Verdadeiro criador de falácias, formador de pesadelos e formatador de falsas ideias com objetivo de esticar seu governo até a destruição de tudo aquilo que foi construído em tempos atrás e por mãos operosas.
O que sobra para o homem que procura ser neutro nessa guerra de intepretações delituosas. Se fizer uma avaliação mais minuciosa os dois lados estão virtualmente enganados, nada se salva no rescaldo que ficar dessa contenda. O Brasil continua sendo administrado pelo ódio que foi implantado na população durante os últimos 30 anos, se continuarem nesse ritmo dos quelônios, em termos de decisões proativas.
Miseravelmente, formaremos grupos catartes estólidos e nos manteremos em marcha à procura da nova terra anunciada, espero que ela não seja aquela submersa sob o bloco de gelo da Antártida que será desprendido em 2021.
O que dizer do que foi dito pelo Bolsonaro e os números e fatos que se contrapõem e não se ajustam ao mundo real que estamos vivendo. Para o mundo não havia necessidade de expormos nossa fragilidade como Nação, temos um vasto território ainda inabitável e muita terra para ser explorada, não precisamos nos apequenar ante os outros e lavar nossa roupa suja aos olhos do mundo;
Ficamos cada vez pior, o governo não investiu tantos recursos anunciados no socorro emergencial, mesmo considerando o valor do dólar próximo de 03/04, há um distanciamento enorme se fizermos a divisão dos valores usados e o número de necessitados que era de 65 milhões. Ademais, o governo não foi operoso na defesa das nossas matas, flora e fauna, quando solicitado ao seu socorro, ele simplesmente desaparelhou o IBAMA e seus funcionários deixando-os completamente desarticulados em defesa da terra, contra os saqueadores das nossas madeiras e recursos naturais, encontrados no nosso subsolo;
O STF não impediu a presidência da República de atuar no combate ao Coronavírus, ele simplesmente tentou por ordem na casa, qualificando os municípios, Estados e o Governo Central, como representantes legais do Estado brasileiro para atuação conjunta, o Governo Federal ficou melindrado e fugiu do seu compromisso largando aos demais Poderes essa prerrogativa, numa ação simplesmente ridícula e irresponsável. O tempo nos mostrará a verdade nua e crua, um dia veremos.
Se formos enumerar o que foi dito com meias palavras e até camuflado entre as linhas do discurso do presidente da República ficaremos muito tempo fazendo citações inócuas, nada mais poderá ser feito, a não ser que presidente Bolsonaro um dia vista a roupa da compostura e trate com o devido respeito àqueles que um dia acreditou ser ele um político confiável, coisa que suas atitudes e palavras não comprovam. Deus tenha piedade de nós, a crua está muito pesada!
Genival Dantas
Poeta, Escritor e Jornalista

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