O Fato Sem Politicagem 25/12/2020
Para entender um pouco a realidade dos dias atuais temos que remontar a história dos nossos filósofos, bastando o suficiente pegar a era pré-socrática com a presença de Heráclito de Éfeso, o pai da dialética, alcunhado de “Obscuro”. Não devemos esquecer-nos de enumerar o mais conhecido como matemático, mas foi também filósofo com estilo e escola própria.
Dessa mesma era devemos citar Parmênides de Eleia, tendo sido iniciado na filosofia dentro da escala de pitagórica. Agregado a esses valores intelectuais tivemos o Xenófanes de Cólofon, mais conhecido como um rapsodo e sua vida errante, mesmo assim foi mestre de Parmênides, marcando com brilhantismo sua passagem pelo mundo filosófico, da era pré-socrática.
Finalmente chega o momento do próprio Sócrates e sua era magistral, a ele é creditado o mérito de ser um dos fundadores da filosofia ocidental, dessa forma ter se transformado em uma figura enigmática, graças ao seu seguidor Platão. Não fora Platão Sócrates não teria registrado seu nome na história, toda sua filosofia foi exposta e difundida pelo seu admirador Platão.
Há registros da primeira instituição de educação superior, do Ocidente, ter sido fundada por Platão, juntamente com a Academia de Atenas. Os dois, Sócrates e Platão, pensadores de uma era privilegiada, culturalmente falando, transmissores da “fé na razão e na verdade” e estabelecendo o lema de Sócrates “o sábio é o virtuoso”.
O discípulo de Sócrates procurava transmitir uma profunda fé na razão e na verdade, adotando o lema "o sábio é o virtuoso". Aliado dos dois aparece Demóstenes, considerado um dos maiores tribunas da humanidade e habilidoso político e pensador. No seu rastro encontramos a presença de Aristóteles, vivendo no período clássico na Grécia antiga fundou a Escola Peripatética e do Liceu, dois méritos seus, aluno de Platão e professor de Alexandre o Grande, portanto alguma dúvida?
Sequenciando esse crescimento filosófico, Antístenes cria o Cinismo, ao mesmo tempo um estilo de vida, outra corrente cria o Ceticismo obra do filósofo Pirro de Élis, completando o enredo entra em ação o Epicurismo, criado por Epicuro de Samos, fase considerada como pós-socrática.
Queimando etapas, para ser sucinto e abreviando o tempo, chegamos finalmente ao Jesus Cristo. Ele que é considerado no ocidente como nosso maior filósofo, o pensador de temas profundos, seguido por muitos que procuram entender até hoje sua maneira de enxergar o mundo, tão emblemático e de conceitos duradouros, tanto é que depois de 2020 anos somos todos observadores e seguidores dos seus ensinamentos.
Se ele é santo, ou mesmo um deus, entre tantos já coroados, não posso julgar, sou muito pequeno para essa atitude. Sei apenas que muitos o usaram como bandeiras para benefício próprio, até mesmo a igreja que prega em seu nome, a Católica, em determinados momentos, desonrou seu nome, utilizando a própria ignorância do povo para formatar intrigas, guerras entre povos, lutas pela hegemonia das religiões.
O mais triste foi à inquisição implantada pela igreja católica, instituindo o pecado e a venda do perdão, ato de uso exclusivo dos seus organizadores, numa clara evidência de impor o poder pelo medo. Mesmo com esses desvios morais, a fé que o ser humano tem na esperança de dias melhores não abolou seu sentimento e sua crença em algo superior até mesmo a sua capacidade de dar forma e contexto a algo além dos limites de percepção e identificação.
Hoje, 25/12, não é dia de levantarmos suspeitas, nem duvidar daquilo que fica fora do nosso alcance. Tentando entender o planeta terra, antes povoados por povos e animais espalhados sobre sua superfície, mesmo com várias formações materiais, flora e faunas diversificadas, temperaturas, línguas, etnia culto religioso e política.
O que entendíamos era que fazíamos parte de um planeta com um único mundo de seres humanos, que engano! Percebemos que o planeta é formado por mundos diferentes, de pessoas distintas, com desníveis de classes sociais, a nossa fé está restrita ao nosso entendimento moral, ético e social, para nos posicionarmos dentro do nosso meio.
Cada vez mais valemos menos do que efetivamente somos moralmente, passamos a ser reconhecido pela nossa conta bancária, o meio de transporte que usamos, os clubes que frequentamos a linguagem que falamos e até pela comida que nos alimentamos, em suma, estamos associados aos valores materiais, os morais não são relevantes.
A percepção que temos é de um mundo cruel, quando a pessoa pode ser considerada um canalha pela própria sociedade, entretanto se ele tiver recursos materiais para contratar um defensor de primeira linha, esse valor é medido pelo custo financeiro e a influência do seu advogado no meio do judiciário, fatalmente essa pessoa será tratada de sua excelência, quando não, passa a ser blindada pelo cargo que ocupa na política.
O que foi tanto defendido pelos nossos antecessores, filósofos e pensadores, dentre eles o próprio Jesus Cristo, trata-se de uma página virada, dentro da nossa história, já não somos os mesmos, da mesma classe do ser humano, quando o homem era simplesmente um Ser, sem distinção de cor, posição social, ou coisa que o valha, hoje somos rebaixados à condição inferior ou superior, dependendo da tonalidade de nossa pele, nosso poder aquisitivo e até mesmo nossa educação.
O momento de pandemia veio mostrar ao mundo o quanto somos desiguais, até mesmo na hora de comprar vacinas para imunizar a população os países mais ricos conseguem fazer reservas da produção mundial, os mais pobres ficarão com as sobras, se sobrarem. Em nosso Brasil a situação é bem piorada, as autoridades se atropelam para mostrarem seus Poderes, nem que para isso tenham que isolar a população e ficarem a passear por terras distantes ou não, em verdadeiro desrespeito à população que paga seus respectivos salários.
Genival Dantas
Poeta, Escritor e Jornalista
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