Os valores se transformam e nos coloca sem situação de espanto (10/05/2021)
O Fato Sem Politicagem 10/05/2021
O atual momento brasileiro é de longe o mais controverso possível, uma pandemia sanitária a nos debelar vorazmente, uma atividade política sequenciando um panorama longe de qualquer realidade que nos convença e um judiciário parcimonioso no dolo e obtuso na aplicação das Leis, em todos os seus itens, letras e incisos. “Eu que me perdoe” de tratar mal os conhecidos semideuses da República brasileira, isso cometido nas republiquetas é considerado pecado mortal.
Voraz mesmo fica por conta do Legislativo quando a palavra é distribuição do orçamento, parece até a história da farinha pouca meu pirão primeiro, cada qual fazendo reserva para o seu mercado, e ou cercadinho, quem sabe até curral, como agora é tratado reduto eleitoral, na forma geométrica pelo menos há certa aparência, não sei se a finalidade e especificidade chegam a ser a mesma, sabemos apenas que é mais um modismo sem sair de moda.
Como diz um amigo meu, os Poderes do Brasil: “eles para mim é um problema deles”, o meu consiste em obedecer ao que for passível e possível de obediência. Uma beligerância aos olhos de muitos, para outros uma empáfia na grande maioria dos Girondinos ou Jacobinos, traduzidos como Bolsonaristas, Lulopetista, mais até, a terceira via que se organiza em bloco compacto tentando se passar por novas cabeças pensantes quando, efetivamente, não passa do mesmo de sempre.
Saindo da imaginação e entrando verdadeiramente no mundo real, chega ser maçante a forma que os nossos meios de comunicações têm nos tratado, depois de um longo tempo informando a temperatura das florestas em chamas da Amazônia Legal e as secas do nosso pantanal, com a morte da nossa fauna e flora. Temos acompanhado os relatos de mortes pelo Coronavírus, até mesmo morte de ídolos transformados em bandeiras para muitos indolentes politiqueiros.
Todos nós nos compadecemos da extinção das mortes, se aproximando de meio milhão de brasileiros e a dor dos seus familiares, nesse momento devemos ser respeitosos com a dor alheia, que também é nossa. Entretanto, em outras situações não há um sentimento uniforme, o crime ocorrido em SC, quando um marginal ceifou a vida de três crianças e duas educadoras, não repercutiu tanto quanto a ação policial em Jacarezinho com a perda de vinte e oito pessoas.
Os mortos do Rio de Janeiro representam muito aos seus familiares, não vou entrar no mérito se eram marginais, ou se apenas parte deles, o policial foi sem dúvida uma perda irreparável para sua corporação, os outros bandidos ou suspeitos tinham sua importância para os seus. Fazer juízo de valor nesse momento é ser no mínimo descuidado com a seriedade da vida, é preciso que se levantem todos os dados para formarmos um quadro mais próximo à realidade.
Acompanhei pela televisão e vi algumas imagens de homens portando armas, pulando muros na tentativa de fugir dos seus perseguidores, no caso os policiais. Na sequência fomos informados da quantidade de vítimas fatais, quantidade de armas apreendidas e os relatos de pessoas civis que acompanharam de perto aquela operação que de inicio foi denominada de chacina, não faria essa avaliação sem dados precisos, prefiro esperar, a precaução é mãe da sensatez.
Não acompanhei a evolução do quadro na televisão, mas pude observar o quanto foi difundido o resultado de um reality show apresentado pela Rede Globo de Televisão e o quanto parte de um público telespectador se envolveu com os ganhadores dos prêmios, mormente a moça, Juliette, que ganhou em primeiro lugar e se consagrou numa nova heroína nacional. Não sei se ela fez por merecer a notoriedade, apenas indago os novos valores para criação de nossos novos heróis.
Tanto faz herói ou heroína, o valor é o mesmo, independente de ideologia, sexo, cor, ou posição social, o que interessa é o ser humano e o que ele representa ou venha representar para a humanidade em termos de legado. Precisamos voltar a fazer nossas escolhas em coisas mais palpáveis, de conteúdos mais profundos e duradouros, transformamos nossas vidas, nosso mundo numa simples competição entre uma gincana do azul contra o vermelho.
Fomos invadidos pelo mundo virtual, porém vivemos, efetivamente, no nosso mundo real, por menor que ele seja e por mais pobre que se apresente, ele é nosso mundo. Lembro que na metade do século passado o pároco da minha cidade, na época de comemorar a padroeira da cidade, armava duas barracas, cercados humildes, ali os fieis comprava suas prendas, em forma de guloseimas, para arrecadação de proventos em benefício das obras da igreja.
Seria pieguice de minha parte fazer alguma comparação da situação atual com os de tempos de outrora, época em que nem mesmo televisão existia, os valores eram outros, apenas questiono a fragilidade e o tempo de formação de um valor que pode permanecer por muito tempo, há que se ter maturação, consistência e veracidade dos dados concernentes ao que estamos construindo, valorizando e até mesmo colocando ao público para ser referendado.
Invocando o espírito do meu amigo gozador e de trocadilhos, nesse momento de tantas admoestações incompreensíveis, direi assim como ele diria: “o que seria de mim se não fosse eu”. Desse jeito diferente de dizer, não consigo entender tantas controvérsias, desaforos, incongruências, desrespeito entre os pares, tanto na horizontal quanto na vertical, verdadeira maledicência provando que a indiferença torna o ódio entre os humanos insuportável e intolerável.
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