O Fato Sem Politicagem 08/02/2021
Quando Érico Veríssimo escreveu sua obra mágica, nos idos de 1938, certamente ele pensou em tudo que se relacionava à sua época e seu entorno geopolítico, inclusive com o desejo de seu personagem principal, Eugênio Pontos, em situação de extrema vontade de dar certo na vida, sem se importar com valores e princípios, incluindo-se aí os conceitos familiares tão preservados naqueles tempos de valores primados no sei do lar.
A referência feita ao Sermão da Montanha, não tinha como fugir dela, como hoje fica muito difícil de não acreditar na falsa ideia que tenta nos repassar que o grande passo para o progresso é a forma de superar os outros pelas vias desonestas, ludibriando e enganando os nossos oponentes. Falácia e denodo, colunas que sustentam o despotismo e a insensatez.
Quando me reporto ao termo “olhai os lírios no campo”, tento lançar o olhar mais longe e profundo, ao mesmo tempo busco luzes para as galerias pluviais que tanto mal tem nos causado, nos últimos tempos e nas cidades maiores e mais antigas, outras nem tão antigas, o caso específico de Belo Horizonte, mostrada pelos meios de comunicações como torturantes desafios dos seus moradores pelo transbordamento das águas em seus córregos e sistema de escoamento com tubulações superadas e obsoletas.
Já me referi a esse assunto em outros textos, tenho aproveitado a oportunidade que temos procurado nos informar das nossas necessidades e mazelas, resultantes das falhas verificadas na administração pública, generalizada, procurando tratar das obras sobre piso de forma muitas vezes carnavalesco, induzindo o munícipe a uma leitura errada das administrações perversas e claudicantes, se esquecendo de que o subsolo faz parte da operacionalidade e sua racionalidade quando se tem uma cidade planejada para determinada quantidade de moradores e em pouco tempo a previsão inicial é superada, trazendo como consequências negativas os transtornos apresentados nos últimos tempos e em todo Brasil.
A pandemia do Coronavírus pelo menos tem nos possibilitado de superar algumas barreiras e dificuldades pelos custos e benefícios que grandes investimentos públicos se fazem necessárias, sem, entretanto, representarem retorno líquido e certo em termos de dividendos políticos. Nessa hora os homens se fazem de indiferentes a esse tipo de tema preferindo investir em setores que lhes tragam lucros mais imediatos, lhes proporcionando mais conforto administrativo, em termos de futuro político.
O Congresso Nacional nesse interim procurou tirar alguns nós que tanto dificultou e dificulta esse setor de prestação de serviço trabalhado pelo Poder público municipal, a quem é delegada essa prerrogativa dentro de uma República Federativa. Outra situação que tende a ser resolvida dentro de pouco tempo é o nosso modal transporte de cabotagem. Esse sistema que poderia ser explorado com tanta eficiência e eficácia.
Fomos abençoados pela natureza com 7367 km de litoral, com o contorna da costa brasileira elevamos esse número para 9200 km, considerando saliências e reentrâncias do litoral, consta nesse espaço vários portos e com capacidade para ampliação de outros tantos possíveis, basta que se tenha vontade política e disposição de consertar os erros do passado, quando renunciamos aos nossos modais ferroviários e cabotagem para privilegiar o transporte terrestre.
Como não é possível apagar o passado devemos fazer pelo menos uma reengenharia e nos lançarmos em outros projetos mais assertivos para o momento que estamos vivendo, com ressonância direta com o futuro próximo, objetivando melhor desempenho técnico com retorno financeiro, economia de investimentos em estradas de rodagens e sustentabilidade do ambiente que nos cerca.
Nós que temos que direcionar o futuro dos nossos filhos, para tanto se faz necessário de deixarmos caminhos menos espinhosos e mais nivelados, com perspectivas de recuperação de todo mal que causamos ao planeta terra, ainda tem tempo de remissão, ou remição, pelo menos tentemos não nos furtar de atitudes sérias para com o futuro dos nossos, nesse momento devemos entender que somos todos responsáveis por tudo que vem ocorrendo em nosso planeta, em algumas calamidades e são tantas, temos que admitir, nas maiores tragédias, admita, pois, somos verdadeiros responsáveis pelos danos ao planeta terra.
Voltando aos Lírios no Campo, que eles continuem contribuindo com a nossa saúde, cicatrizando nossas feridas e acalmando nossas almas, não permitamos que se transformem em Rosas de Hiroshima.
Genival Dantas
Poeta, Escritor e Jornalista
Comments