O Fato Sem Politicagem 20/01/2021
Convido o caro leitor para um passeio sobre os noticiários e imagens dos últimos dias. Começando por domingo, depois que foi anunciada a aprovação, pela ANVISA, das duas vacinas produzidas, ou envazadas, aqui no Brasil, uma que será produzida pelo Instituto Butantã, Coronavac, outra pelo Instituto Osvaldo Cruz, conhecida como de Oxford, começando pelo governador de São Paulo, João Doria, nesse momento de crise e sofrimento para a população brasileira, ele posa de garoto propaganda da vacina produzida em São Paulo denotando seu sarcasmo contra o presidente Bolsonaro, tudo bem que o Doria saiu na frente nesse confronto.
Na segunda feira a situação piora, enquanto o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, se esforça para anunciar o envio das referidas vacinas, já envasadas, seis mi de unidades, para todos os Estados da Federação, entre governadores, secretários e outras autoridades ali presentes, todos engravatados, como quem pai da matéria, em imagens vergonhosas, não havia necessidade desse tipo de marketing, o que deixaram transparecer foi a politicagem feita com um produto que começa a aparecer depois de muita guerras de nervos, informações desencontradas e mistérios.
O mistério, que não é tão mistério assim, fica por conta dos insumos necessários para produção de ambas às vacinas, seu maior produtor de um veículo farmacêutico, a China, por enquanto segura o envio desse material, retardando dessa forma o envasamento do produto final e a consequente distribuição aos Estados e Municípios brasileiros. Não tenho dúvidas que esse impasse é resultante dos constantes insultos feitos pelos Bolsonaros, incluindo-se aí o próprio presidente, que dentro da sua postura nada política vivia insistindo em insinuar que a vacina chinesa não tinha as qualidades necessárias para aplicação nos brasileiros.
Esse comportamento desastroso, por parte do presidente, é simplesmente contraproducente para quem quer apresentar um trabalho eficiente e eficaz. Em decorrência desse fato e tentando alternativas viáveis, o Governador da Bahia, Rui Costa, judicializou a questão, pedindo ao STF (Supremo Tribunal Federal) autorização para comprar diretamente da Rússia, a vacina de sua fabricação, a Sputnik V. Mais ainda, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, se reúne com o embaixador chinês, Yang Wanming, que descarta obstáculos políticos para o retardamento dos insumos para produção das respectivas vacinas no Brasil, comprometendo-se em acelerar os trâmites para importação do material.
Essa situação de interveniência de alguém fora da área de trabalho do Executivo só vem demonstrar a falta de habilidade política do presidente Bolsonaro e ausência absoluta de capacidade técnica operacional do ministro do exterior, Ernesto Henrique Fraga Araújo, responsável direto por esses assuntos quando envolve o Brasil e outros países. O Brasil passou a perceber, depois da sua posse, o presidente Bolsonaro é rude, goza de déficit razoável de inteligência, nem por isso fez questão de fazer um cursinho preparatório para assumir a presidência da República, dessa forma ele cria embaraços em toda área que se mete a palpitar, essa é uma situação de difícil solução, ele não renuncia, para felicidade geral da nação, e a Câmara dos deputados não coloca em votação qualquer pedido de impeachment ou destituição do cargo, enquanto isso ficou a colecionar vergonhas, pois cada passo do Bolsonaro resulta em um tumbo para o Brasil.
Enquanto isso o planeta tenta sair desse marasmo, o ano passado foi de extrema dificuldade para a área produtiva, no mercado automobilístico não podiam ser diferentes, restrições nos créditos mais a desativação de alguns dos setores produtivos e temporários, por conta do isolamento necessário e responsável, as vendas caíram e o resultado financeiro desse segmento retratou a realidade que vivemos.
Na sequência a Renault vai focar na produção de maior produtividade e retorno econômico, assim como a primeira entre as montadoras General Motors, segundo seu presidente para América do Sul, Carlos Zarlenga, a empresa vai fazer estudos de viabilidade econômica e trabalhar, também, com os carros de maior valor agregado. Seguindo esse raciocínio o carro de menor valor vai ter sua produção reduzida, nesse caso, se continuar o consumo atual para os carros populares e a redução de produção, pode haver uma aceleração nos preços desses veículos, pois normalmente preços dependem da oferta e procura.
Temos ainda a Mercedes-Benz que fechou sua fábrica de automóveis, em Iracemápolis/SP, a Audi suspendeu sua produção neste ano, só voltando em 2022. Esses casos refletem as dificuldades de um setor que já foi a glória da industrialização, grande números de funcionários, rentabilidade invejável e salários acima da média de mercado. Com a ampliação de suas linhas de produções e o mercado ficando encolhido, por várias razões, a final não podia ser diferente. É chegado o momento de se fazer uma reengenharia e tentar se adaptar o setor ao mercado real, que não será o mesmo daqui para frente.
A situação se se restringe apenas ao setor automotivo, conforme estudos feitos pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) com exclusividade para o Jornal o Estado de São Paulo, partindo do ano de 2015 até 2020, tivemos uma perda de empregos de 36,6 mil vagas, representando quase 17 fábricas por dia. Por mais que o governo acerte na sua política de combate à pandemia que nos assola, se é que há política, teremos uma recuperação lenta, mas que seja gradual e que os governantes não atrapalhem pelo menos o crescimento vegetativo.
Genival Dantas
Poeta, Escritor e Jornalista
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