O fato sem politicagem 23/07/2022
A política é um combustível cujo comburente é o egoísmo dos políticos e quando associados ao desejo dominante torna a situação de difícil solução, mormente quando o processo vem conjugado com a presença dos Poderes constituídos, esse sem nenhuma isenção, demonstrando sua preferência por alguma ala ativa no sistema em curso, com clara evidência que o controle é definido, tendo, portanto a sensação que a qualquer momento o incêndio ocorrerá.
Estamos mergulhados em uma atmosfera de incertezas e pouca lucidez nos líderes que tentam conjuminar suas ideias na formação de seus grupos, os mais assertivos possíveis, sem, entretanto, formarem claramente os caminhos a serem seguidos de forma consistentes e objetivos, cada bloco termina formando uma associação de incongruências e insatisfações sem um norte a ser seguido, apontando o rumo a ser seguido para a conclusão dos trabalhos em curso.
Por mais de uma vez tenho afirmado da necessidade de um pacto entre os três Poderes da República brasileira, é sabido que o nosso Legislativo, desde o início do mandato do Presidente Bolsonaro os ânimos vêm se arrastando com troca de farpas e críticas perturbadoras para ambos os lados, em sintoma de muita aridez e poucas chances de mudança de rumo a não ser por um pacto negociado em nome da própria paz nacional.
Com a aproximação das eleições vejo a grau de dificuldade que existe para que ocorra um consenso favorável ao bom comportamento e a baixa das armas entre eles. Temos um presidente da República populista e de espírito ditatorial e um STF (Supremo Tribunal Federal) composto por ministros, parte deles, ideologicamente bem definidos, não dando qualquer chance para o presidente Bolsonaro se sentir livre para poder atuar sem uma interveniência daquela casa.
Nesse diapasão caso não ocorra nenhuma melhora no relacionamento entre os dois Poderes corremos o risco de o próprio Bolsonaro ser impedido de disputar a reeleição, com a definição das eleições praticamente definida; ou até mesmo uma situação fora das quatro linhas e a ruptura do Estado Democrático de Direito, pondo fim na disputa eleitoral, o que seria uma vergonha mundial para nós que tanto lutamos pelo restabelecimento da Democracia administrada pela sociedade civil.
Escrevo essa tese não para querer criar um clima de desarmonia, apenas coloco no papel meu sentimento do momento político em que vivemos. Se algo anormal vier acontecer todos nós perderemos e o retorno à normalidade será moroso, mesmo que não ocorra prejuízo com perda de vidas humanas, no plano econômico e moral será recuperado de forma mais demorada ainda, tivemos um hiato de 21 anos nada recomendável aos nossos brasileiros de responsabilidades.
Antes que a falta de boa circunspecção venha se interpuser entre esses dois Poderes se faz necessário muita reflexão, com apoio do outro Poder, o Legislativo, mesmo não sendo a composição ideal para tentar pôr ordem entre eles, acredito na eficiência, inteligência e bom senso de uma parte daqueles membros do Congresso nacional. Nesse momento se faz necessário apelarmos para tudo e para todos; nosso Brasil precisa de mais juízo e bem mais siso. Isso é um fato.
Genival Dantas
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