
A pandemia do Coronavírus não foi nada alvissareiro, isso já era imaginado, entretanto o que não podíamos prever era o verdadeiro desmanche moral e administrativo do Governo Bolsonaro. Fato é que o mundo passa por uma fase das mais críticas para a maioria das administrações públicas, até aí ninguém esperava outro resultado em decorrência das dificuldades impostas pelas próprias circunstâncias, o que efetivamente nos decepciona é a tragédia resultante da absoluta falta de tato administrativo e político do atual governo.
Claro que sabíamos que a área econômica ia passar por um teste de fogo, já vínhamos em um processo lento de quase recuperação, muitas coisas ainda pendentes para ser cortada às arestas, a pandemia funcionou como um acelerador negativo ao abismo econômico. Para conter os estragos, em maior escala, muitos planos foram montados e anunciados, tanto na parte médica sanitária como no campo econômico. Tanto os empregadores como os empregados foram reconhecidos como vítimas da realidade.
Ficamos à deriva contando com o resultado das buscas que os nossos cientistas médicos encontrassem uma solução medicamentosa para a solução da saúde que se agravava desde início do mês de março último, nem mesmo vacinas não havia no mercado. Na tentativa de contornarmos a situação foi implantado o sistema de isolamento social, graças ao discernimento da maioria dos Governadores e Prefeitos, mesmo contrários à posição do Presidente Bolsonaro, desde o início contrário à posição adotada pelos executivos estaduais e municipais.
A população contou com o apoio do Judiciário que firmou posição e praticamente determinou que Estados e Municípios ficassem responsáveis pelo resultado das medidas tomadas, esse fato fez conter o avanço do Coronavírus e a redução dos casos fatais. Dessa forma, isolados em casa, nossa economia parou e fomos todos para o sacrifício, redução de salários, desemprego crescendo, falta de recursos das empresas para honrarem seus compromissos, tanto empregatícios como valores remanescentes junto aos seus fornecedores e esses também sofrendo as consequências, pois era uma roda viva de desespero.
O Governo Federal anuncia auxílio emergencial e em conjunto com o Legislativo aprovam um valor de R$ 600 para cada pessoa que estivesse sido atingido pela crise, o valor seria temporário e extensivo aos desempregados, afastados, micro, pequenos e médios comerciantes também circunstanciados, empreendedores formais ou não. Infelizmente muita gente ficou fora do benefício dado ao velho problema burocrático que sempre esteve presente na administração pública brasileira.
Para os empregadores, de um modo geral, muitas promessas para aliviar o desespero dessas pessoas que precisavam quitar suas dívidas, assim como os empregados, foram vítimas da leniência governamental, muitos números e pouca assertividade. Tudo girava em torno de 10 a 20% dos números anunciados e os realizados, quando acontecia. O desespero tomou conta da população e nada fluía dentro de uma realidade aceitável e a bancarrota era anunciada.
O despreparo do Governo Federal era geral e continua sendo, na tentativa de amenizar a situação tenta acordos no Legislativo, agora não era mais para aprovar projetos, mas salvar seu governo tão criticado dentro e fora do Brasil, essas negociações extrapolaram toda linha da razoabilidade, o Judiciário impõe ao Executivo determinadas medidas na observância que o Brasil saísse do buraco, mesmo assim a situação se complicava e se complica até hoje. Justiça seja feita, o Presidente da Câmara, mesmo com todas as restrições que temos a seu respeito, foi um abnegado e comedido nas suas ações sempre em defesa da coletividade, servindo até mesmo de conciliador quando a situação fica difícil entre o Executivo e o Judiciário.
Hoje temos uma realidade de conflitos e confrontos entre os Poderes, especialmente o Executivo e Judiciário e o Presidente Bolsonaro tem normalmente levado a pior pela sua ignorância administrativa, política e judiciária, é um Presidente três em um, nada entende e tudo quer palpitar, como se de tudo entendesse, um verdadeiro vexame para o Brasil e o mundo. O estoque de paciência começa a faltar para os brasileiros que já não suportam mais tanta desconexão entre o Presidente e o cargo em uma manifesta realidade de sofismo administrativo, o tempo urge e o país tem pressa de soluções.
Caso Bolsonaro não se torne empático, reconheça sua fragilidade, continuando a ser insolente como tem sido, sendo otimista, eu acreditava que ele teria dificuldade em chegar ao final do seu mandato, ante aos últimos acontecimentos e ele pespegando notícias duvidosas, em verdadeiro embate com os demais Poderes constituídos, sinceramente, tenho dúvidas se ele chegará como Presidente da República até o final do ano em curso. Infelizmente, a Democracia não perdoa o populismo desvairado.
Genival Torres Dantas
Poeta, escritor e Jornalista
genivaldantasrp@gmail.com.br

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