Quando a maré não está para peixe o melhor a fazer é ouvir tudo, olhar em todos e não tentar interpretar o que fica em seu entorno. Há situações heteróclitas principalmente quando surgem dos estrambólicos, ultimamente têm ocorrido circunstâncias que ando duvidando da própria realidade, tudo parece fantasioso, berloque, quando não, pesadelo ou gares.
Muita gente tem me perguntado o que estou entendendo da atual conjuntura, quando alguém me questiona sobre conjuntura eu já entendo que é da política, normalmente eu sempre respondia que estava se transcorrendo dentro da realidade e dos fatos da época, tenho me esforçado um pouco mais para poder dividir a pergunta vem em que tempo, protagonistas, sem me ater a uma resposta objetiva.
Depois do surgimento do Coronavírus tenho convivido com pessoas, antes consideradas normais, claro, dentro da loucura de todos nós, ultimamente têm se comportado de forma insegura, abstrata, indiferente ao real e ao virtual, para elas tudo é relativo, vai depender do interlocutor, de sua ideologia e religiosidade, a coerência é uma palavra que não pertence ao seu dicionário, aliás, consulta ao dicionário é uma prática que não faz parte do seu mundo ausente.
Alguém vai imaginar que estou me referindo às casualidades e pessoas distantes do meu dia a dia, ledo engano, estou escrevendo sobre personagens da história contemporânea, seus atores principais e figurantes, sem esses últimos à história não seria completa. Um amigo, que me reservo o direito de não citar seu nome para manter o assunto dentro do ideário, assim eu não firmo compromisso com nenhuma corrente política, foi direto e me indagou o que eu estava entendendo dos últimos momentos do Governo Bolsonaro e o que diria das suas últimas entrevistas e ponderações.
Como estou em quarentena, recolhido e absorto em meus pensamentos mais variados possíveis, demorei em cair à ficha, quando repentinamente o mundo ficou confuso e de difícil interpretação, entretanto eu não podia decepcionar o amigo que tanto me preza e tem o meu apreço; ali começou uma conversa voltada para o momento de pânico para todos nós, a crise mundial com a Europa em parafuso, as principais potencias daquele Continente envolvido numa atmosfera sufocante, o sufocante aqui foi bem colocado, com um início apavorante, um meio que ninguém sabe ainda determinar e o final de extrema incerteza.
Em determinado momento ficou evidente que ele queria de fato saber a minha opinião da comunicação feita pelo Bolsonaro, na última noite, em cadeia nacional de rádio e televisão, além do vídeo conferência realizada hoje entre ele, o Presidente, e governadores do Sudeste, outras rodadas já tinham ocorridas, essa seria o arremate com todos os governadores do Brasil. Como o assunto era a crise causada pela pandemia do Coronavírus ficou fácil de ser tratado pela sua constância dentro da nossa realidade.
Talvez eu tenha decepcionado o meu amigo, coloquei minha opinião de forma clara e objetiva, a falta de critérios com que o assunto vem sendo tratado pelo presidente, vem provocando uma série de interrogações por parte da oposição política e até seus apoiadores, não vem ocorrendo coerência com o que o Bolsonaro fala e o que tenta impor como solução para a crise mais séria que temos vivido.
Enquanto a equipe do Ministério da Saúde, comandada pelo Ministro Henrique Mandetta, grata surpresa agradável, no meio da crise, e seus comandados se empenham em dar um rumo para uma solução possível e razoável, com uso das melhores técnicas e políticas já usadas em outros países e Continentes, o presidente Bolsonaro procura, na contramão da história, usar de argumentos fantasiosos, sem nenhum critério técnico e científico. Além de não ajudar sua equipe, Bolsonaro ainda deturpa o ambiente com ambivalências esdrúxulas.
Além de ficar ausente nas horas de decisões assertivas o presidente Bolsonaro vem criticando os governadores que tentam de alguma forma solucionais seus problemas locais. Na videoconferência, de hoje pela manhã, a situação piorou com insultos entre o Presidente e o governador de São Paulo, João Dória que se indispôs com o Presidente, praticamente e deixando claro que seguiria orientações da OMS e não mais do seu governo.
A reunião acabou com posição clara, o Governo Federal e os Governadores estão em lados opostos nesse processo, os governadores fariam logo mais no período da tarde, uma nova videoconferência, lá, certamente sairá uma definição entre os governadores, o certo é que o Governador de Goiás, Ronaldo Caiado, pela manhã, já tinha anunciado seu rompimento político com o Presidente Bolsonaro. Essas indisposições criadas pelo Bolsonaro só deturpam o andamento do seu governo, não trazendo nenhum proveito para as partes, nem mesmo para o Estado.
Finalmente, caro amigo, é muito triste reconhecer que alguém colocado na Presidência da República venha perdendo a governabilidade, pura e simplesmente, por sequências e atos falhos no exercício do cargo e por absoluta incapacidade administrativa, levando-o a possibilidade de vir a perder o cargo por sua absoluta culpa, lamento profundamente, mas essa é a nossa triste realidade!
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