O fato sem politicagem 13/04/2022
É fácil ser heroico e generoso em certos momentos: o que é difícil é ser constante e fiel – começo esse texto com essa frase do impoluto, Dom Pedro ll, o nosso maior gestor, de todos os tempos, poliglota, polímata, financiador da arte e praticante dela. Essa frase foi dita não em momento de reflexão em seus recolhimentos ou talvez numa sessão maçônica, nem mesmo reunido com chefes de outros Estados, quando lhes recepcionava em suas andanças pela Europa.
Se ele não a pronunciou no momento mais difícil da sua vida, quando se sentiu traído por parte dos seus auxiliares e amigos na destituição do seu cargo e implantação da República brasileira. Acredito até que ele tenha escrito essa sentença, de morte, para se recompuser da punhalada desferida sobre seu peito, naquele gesto praticado pelos representantes mais ilustres do seu governo e coadjuvados pela parte traidora da sociedade, que lhe assistia, e ao mesmo tempo mentia quando se alimentava em sua própria mesa.
Assim é a vida, como também é feita a própria política, você se refaz a cada dia, são tantas as decepções, muitas vezes nem nos curamos da ferida e somos obrigados a nos curar de uma nova, torcendo para que não se transforme em cicatriz a nos lembrar dos erros do cotidiano. Qual o motivo desse questionamento e reflexão ao mesmo tempo, não é nada pessoal, trata-se de uma situação que vem rolando na nossa mídia e tem nos levado a ficar pesaroso pelas omissões verificadas.
O caso é coletivo e desconcertante, por tudo que já passamos em termos de administração pública, com regimes diversos, correntes políticas bem diversificadas e políticos oriundos de ideologias distintas, a conclusão que chegamos é simplesmente triste e vergonhosa. Acredito que teremos um ano de eleições das mais bisonhas e prolixas, de todos os tempos, as narrativas que temos ouvido não nos imola em qualquer direção, uma verdadeira falta de opção.
Até agora não vi nem ouvir qualquer proposta de governo, por parte de qualquer candidato ao Executivo, de qualquer corrente ideológica. O que tem aparecido são correntes de fanáticos, certamente financiados pelos seus patronos, normalmente com ataques pessoais e ideológicos, sem a menor consistência, nem mesmo algo próximo da objetividade que se propõe, normalmente, algum candidato bem preparado, com intenções legítimas e Republicanas ao alcance dos eleitores.
Como a terceira via fica por conta da bazófia de candidatos perdidos nas suas vaidades pessoais, sem a menor capacidade de se aglutinarem e formarem uma chapa que venha, pelo menos, competir com a polarização que existe desde sempre, entre Bolsonaro e Lula, em uma flagrante pobreza política, ou discernimento para conjuminar ideias, pensamentos, objetivos comuns, quem sabe, até uma parceria vitoriosa se opondo ao que há de mais danoso na nossa política.
O que temos de fato no nosso quadro político são associações de pessoas interessadas apenas no próprio bem-estar pessoal, ou familiar, nada que o coletivo tenha possibilidade de êxito nos prováveis arranjos que surgirão nas composições eleitoreiras e não eleitoral verdadeiro absinto na alma do eleitor brasileiro, quando ele pensava que chegara a hora do país tomar um rumo diferente, em direção ao verdadeiro país do futuro, no momento presente.
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