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Foto do escritorGenival Dantas

Não podemos simplesmente virar a página da história (04/09/2020)




O Fato Sem Politicagem 04/09/2020

É muito fácil jogar na conta do esquecimento, ou simplesmente não relevarmos os sentimentos nutridos em um passado distante, ou não, até talvez, relegarmos a imagem dos que nos fizeram tanto bem. Estou escrevendo isso por uma razão muito simples, nesta semana estamos encerrando com algumas notícias e fatos bem típicos do caráter do brasileiro. Para justificar minha teoria vamos elucidar alguns casos:

· O dinheiro brasileiro – com a emissão da nova célula, valor de R$ 200, independente de controvérsias ou opiniões contrárias, com partidos de oposição pedindo ao STF, o cancelamento do lançamento, não vou entrar no mérito da questão, simplesmente vou fazer menção apenas a um aspecto que acho no mínimo curioso, talvez tenha até um fato legal que eu não esteja sabendo, mas o que interessa é que já faz algum tempo que viramos as costas aos nossos personagens da história, políticos, intelectuais, artistas, religiosos e os beneméritos de uma forma geral;

Fui buscar o assunto na sua origem, considerando que a primeira moeda brasileira cunhada aqui, na antiga Casa da Moeda da Bahia (1694), mudando nove vezes. Desde a época do império, é a referência que tenho, nosso sistema era baseado no sistema monetário português, naqueles tempos o Real Império era conhecido como “réis” tendo prevalecido de 1833 até 1888. Na República a moeda continuou sendo “real”, período de 1889 até 1942, com a emissão de novas cédulas, Mil réis, que era o nome da moeda e ela tinha esse valor correspondente;

Em 1942 o governo cria outra moeda, denominada de Cruzeiro, ficando em circulação até 1967, o Cruzeiro vem acompanhado pela primeira vez a moeda com centavos, sendo que o Cruzeiro era correspondente a mil Réis, ou um conto de Réis.

Em 1967 o Cruzeiro Novo foi instituído ficando até 1970, com um detalhe diferenciado, foram usadas as mesmas cédulas do cruzeiro, a diferença era um carimbo com o corte de três zeros da moeda, dessa forma a antiga cédula de mil Cruzeiros passou a valer um Cruzeiro Novo. Depois de três anos de circulação o Cruzeiro Novo é alterado e volta a se chamar Cruzeiro. Com a inflação galopante e já no último ano de vida útil, (1986) nossa moeda já tinha notas de cem mil cruzeiros, tamanha era a desvalorização;

Novamente, agora em 1986, a história se repete, cortamos outra vez três zeros da nossa moeda, mil Cruzeiros passaram a valer um Cruzado que era a nova moeda brasileira, dessa vez e repetindo o gesto do passado, carimbamos as cédulas do Cruzeiro denominando-a de Cruzado. Na sequência, já era 1989 e o Cruzado não suportou a pressão do mercado e se transforma em Cruzado Novo, em substituição ao velho Cruzado com a perda de três zeros, para não perder o hábito a fábrica de carimbos entrou em operação e as notas do Cruzado foram carimbadas e estava no mercado o Cruzado Novo, permanecendo apenas um ano, de 1989 até 1990, mesmo nesse curto prazo de validade novas cédulas foram criadas;

No mesmo ano de 1990, para não dizer que não somos dinâmicos e nem saudosistas, reinventamos o Cruzeiro, mantivemos o mesmo valor do antecessor, cruzado novo, a hiperinflação avassaladora fez a moeda se desvalorizar a tal ponto que em três anos já tínhamos em circulação cédulas de quinhentos mil Cruzeiros. Já estávamos no ano de 1993, buscando luz no fundo do poço em que nos encontrávamos pulamos do Cruzeiro para o Cruzeiro Real. Sem uma alternativa melhor cortamos três zeros no velho Cruzeiro e deixamos o Cruzeiro Real com cara de jovem repaginado nas velhas notas, mas de carimbo e novo valor.

Decorria o ano de 1994 o Brasil tinha um presidente, Itamar Franco, assumido em dezembro de 1994, ficando no cargo até janeiro de 1995, em um período de muitas dificuldades, delegou a sua equipe econômica o projeto de transformação na economia brasileira, uma equipe de jovens economistas capitaneada por um sociólogo, Fernando Henrique Cardoso, juntos tiraram o país do atoleiro e programaram um projeto que até hoje é elogiado por todos, menos, evidentemente, dos náufragos políticos esquerdistas e até da extrema direita, brasileiros, que votaram contra o projeto no Congresso Nacional;

Esse Projeto foi denominado de Plano Real, vitorioso até hoje e a moeda é o Real. O mérito começou na transição transformando preços em URV (Unidade Real de Valor) valendo CR$2750,00 (Valor em Cruzeiros Reais), ou 1 URV, pela primeira vez a mudança da moeda não ocorreu com valor redondo, ou seja, retirando três zeros. Outro detalhe importante que começa a minha questão do início desse texto, o verdadeiro patrono desse projeto vitorioso não foi o Sr. Fernando Henrique Cardos, sim, foi o ex-presidente Itamar Franca, em seu governo o plano foi elaborado, simplesmente Fernando Henrique Cardos ficou com os louros da coroa;

Todo esse relato foi para indagar, o que efetivamente ocorreu com os nossos heróis, eles não fazem parte da estamparia das nossas cédulas, quais os motivos que eles foram alijados delas, não temos estoques de valores que mereçam lembranças? Não sou contra que nossos animais pertencentes a nossa fauna sejam prestigiados, entretanto nossos antepassados não podem ficar esquecidos numa galeria de mortos, mas presentes na lembrança de todos nós, presentes e futuros, afinal, muito embora nossa história esteja sendo escrita com alguns cafajestes, e nós sabemos muito bem quem os são, porém se lapidarmos bem, certamente, encontraremos algumas joias raras e preciosas que merecem o nosso respeito e estima.

Confesso que ia relatar alguns casos que ocorreram durante a semana, mas em decorrência do alongamento desse caso acima relatado, a cédula de R$200, e a história do nosso dinheiro, para não ser cansativo, no final de semana farei novo texto com outras intercorrências.


Genival Dantas

Poeta, Escritor e Jornalista



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