
Os primeiros relatos que temos a respeito das secas, concernentes á região nordeste, sempre presentes, na nossa história, fazem referências aos anos de 1583 e 1585, com prejuízos e fuga (migração) do sertão nordestino, de cinco mil índios, acudidos que foram pelos irmãos brancos, esses tiveram a perda total de suas lavouras de cana de açúcar e aipim, cultura da época; de lá até o ano próximo passado foram muitas as estiagens com perdas totais de lavouras, de animais e criação de políticas assistencialistas na tentativa de fixar o homem à sua terra natal.
O assunto e crises dentro da economia e seus governos foram desenvolvidos de forma a criar alternativas de subsistência ao do, principalmente, polígono da seca que atinge os Estados do nordeste brasileiro, além de outras áreas, transformando a população vulnerável nos quatro flancos de sobrevivência que é a economia, o social, a saúde pública e a educação, atingidos secularmente com presença constante nesses últimos 436 anos.
Entre 1776 e 1778 a Coroa Portuguesa chegou autorizar a distribuição de terras marginais aos grandes rios no sentido de facilitar a vida dos flagelados retirantes, que ficavam ou ficam vagando, sem ser vagabundo, trabalhadores vítimas da natureza e da própria sorte. Muitas vezes são homens, mulheres e crianças que viram pedintes em terras alheias, sem a mínima chance de conseguirem alguma coisa, pois, os sobreviventes das zonas rurais e urbanas ficam na mesma situação de miserabilidade. Muitas vezes esses cassacos, assim eram também determinados, invadiam cidades fazendo arrastões retirando das bodegas e secos e molhados vitualhas com único objetivo que era da sobrevivência, porém, não havia resistência das partes, com total respeito ao ser humano.
Todas as políticas de assistencialismo e os programas governamentais implementados, além de promessas feitas e não cumpridas, essas tivemos em séries, a começar por D.Pedro ll, prometendo vender até as Joias da Coroa para resolver o problema maior do nordeste, o que efetivamente não ocorreu. Não podemos esquecer que a região não é desértica, mas, um clima semiárido com seu subsolo constituído de placas de pedras, dificultando a absorção das poucas águas que caem no período chuvoso, quando há, facilitando, dessa forma, a evaporação.
“Quem muito bem retratou essas crises localizadas foi o nosso escritor maior Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha (Euclides da Cunha), sendo autor do maior livro brasileiro, “Os Sertões”, pelo seu ter histórico. Mesmo não sendo nordestino nascido em Cantagalo – Rio de Janeiro se constituiu no maior cronista do interior brasileiro, destacando-se o nordeste.”
Para atenuar a dor do povo sofrido, do nordeste, D. Pedro ll criou a Comissão da Seca, sendo sequenciada pela Comissão de Açudes e Irrigação, quando o governo Nilo Peçanha, em 1909 substituiu pelo Instituto de Obras Contra as Secas (IOCS). Em seguida o governo de Venceslau Brás reformulou tudo em 1915.
Foi em 1919 o governo de Epitácio Pessoa novamente mexe na estrutura e cria a Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas, em 1945 é transformado em autarquia denominada de Departamento Nacional de Obras Contra Secas (DNOCS). Voltada para construções de obras, primordialmente, no polígono das secas.
Juscelino Kubitschek em 1959 cria a SUDENE (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste), além da inclusão dos nove Estados Nordestinos foram anexada parte de Minas Gerais e Espírito Santo. Essa superintendência foi criada com finalidade específica para fomentar a economia nordestina, principalmente, a pequena e média indústria da região especificada, entretanto, para desgosto do seu criador e idealizador, Presidente Juscelino Kubitschek e o economista paraibano Celso Monteiro Furtado (emérito professor, intelectual e pensador, do século xx), o plano original se esgotou em si mesmo, e o dinheiro destinado foi desviado para grandes projetos de empresas multinacionais que estavam se instalando naquela região, não atendendo a necessidade original que era de criar mão de obra em empresas menores.
Somos um País de grandes diferenças regionais e locais, tornando-nos um povo de uma mobilidade interna muito intensa e constante, isso decorre em função do brasileiro ter a necessidade de buscar em outras locais novas oportunidades de sobrevivência, dentro da sua própria Pátria, isso é conhecido como migração, sendo bem simplório. Quando essa oportunidade não é encontrada esse brasileiro normalmente deixa a família, em primeiro plano, parte para a busca de outros projetos, agora em terras distantes, sobreviver é preciso, isso é determinado como emigração.
Lá fora quando lhe falta terra para pisar, água para matar a sede e o próprio ar para respirar, novamente, esse brasileiro coloca o pé na estrada, segue em busca de uma chance qualquer, o que ele quer é ter como buscar sua família que aqui deixou na esperança de se encontrarem em qualquer parte do mundo, mesmo sabendo que não há mundo melhor que o nosso canto chamado Brasil. Assim pensando, se tudo não ocorrer como o esperado, triste e melancólico volta à sua terra natal, silenciosamente vencido. Essa é a imigração fatalista, porém, o brasileiro sabe que aqui no Brasil vai ter sempre uma nova chance para recomeçar.
A nossa migração formou a maior cidade nordestina fora do nordeste que é São Paulo, forneceu mão de obra barata com o advento da indústria no Estado do Rio de Janeiro. Foram esses mesmos migrantes, nordestinos e sulistas, que supriram a mão de obra necessária que transformaram a beleza arquitetônica projetada pelo saudoso ilustre carioca Oscar Ribeiro de Almeida Niemeyer Soares Filho (Oscar Niemeyer), na construção da bela Brasília – DF.
Depois da construção da Capital Federal esses mesmos migrantes foram convidados, depois da cidade inaugurada e as obras acabadas, a retornarem as suas terras, pois, estavam enfeando a imagem de uma cidade esplendorosa com a circulação de desempregados, já não havia emprego para tanta gente.
Dessa forma, com a passagem de volta e pouco dinheiro, oferta do governo, os candangos montavam num pau de arara, assim era denominado os transportes em caminhões cobertos por lonas e as poltronas eram madeira de um lado a outro, em fileiras. Não havia ônibus, suficiente, para aquele contingente humano.
Na penúria que era e é peculiar no transporte improvisado e com poucos recursos, o candango retorna ao aconchego da terra e dos parentes que ficaram, mesmo assim, não tirava e nem tira dessa gente a vocação de migrantes, não por ideologia, mas por extrema necessidade de sobrevivência, conquanto, as autoridades se esqueçam desse detalhe. Mais ainda, temos uma população de três milhões de brasileiros como emigrantes, espalhados pelo mundo, contra hum milhão e meio de imigrantes que se juntaram ao nosso povo, em harmonia total
O desenvolvimento do pensamento voltado a barrar a entrada de imigrantes no nosso País, surgiu em função do ideário e em nome da nossa soberania, apresentado dentro do Itamaraty, do governo Jair Bolsonaro e sustentado pelo Chanceler Ernesto Araújo, reconhecidamente um intelectual, entretanto, sem conhecimento prático da nossa história, se conhece, é preciso que o ilustre chanceler faça uma reflexão sobre a nossa vida pregressa e atual, vejamos:
Eu fico imaginando nessas famílias acampadas na divisa do México e os EUA, sem autorização de entrada para o território americano, em consequência, com o futuro incerto para todos.
Aqui. ao longo das nossas fronteiras temos muitos imigrantes barrados e muitos que já entraram, numa incerteza brutal, sem saber o que farão se ninguém, outros Países, os recolham. Há um agravante para complicar a situação deles.
O Brasil tinha aderido ao Pacto Global pela Imigração dia 10 de dezembro próximo passado, cuja adesão foi assinada pelo ex-chanceler Aloysio Nunes Ferreira Filho. O ato ficou conhecido como o pacto de Marrakesh, em companhia de 160 Países das 195 nações possíveis, todas fazem parte da ONU (Organização das Nações Unidas). O Brasil, agora, no governo Bolsonaro, simplesmente, pensa em largo o acordo assinado.
Com todo respeito ao gesto do presidente, mas, se for feito uma triagem devidamente correta e séria, obedecendo aos critérios previamente estabelecidos, com o devido zelo e os cuidados necessários, evitando-se a entrada de marginais terroristas e elementos nocivos e indesejáveis, descritos e selecionados na seleção feita, o Brasil tem condições de receber certa quantidade de imigrantes, com entrada prevista, anteriormente determinada, sem necessariamente ter prejuízo da nossa mão de obra interna.
Se essa for a questão esse seria um gesto verdadeiramente Democrático e Humanitário. Não interessando que essas pessoas ou famílias sejam de Países contrários ao nosso pensamento político, elas não têm culpa da ideologia política dos administradores dos seus Países, como é sabido nada é, tudo está transitório, até mesmo o ser humano. Se constituindo nossa passagem em apenas um intervalo, tão rápido, entre o nascimento e morte, para praticarmos algum ato de perversidade contra nossa própria espécie. Alea jacta est.
Poeta e escritor
genivaldantas.com.br

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