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“ Lavoisier” tinha razão "Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma"(28/04/2021)

Foto do escritor: Genival DantasGenival Dantas

O Fato Sem Politicagem 28/04/2021


Quem viveu em São Paulo, Capital, na segunda metade do século passado, até os nossos dias, sabe perfeitamente da expansão e fechamento de grupos voltados para o setor de eletrodomésticos, supermercadistas, vestuário, cama mesa e banho, além de outros setores voltados para o consumo popular e em larga escala, sendo a classe média e média alta a responsável pelo retumbante sucesso dessas empresas ou até mesmo do fracasso de algumas.


No meu texto anterior descrevi sobre e principalmente o setor bancário e financeiro, hoje farei retrospectiva ao setor varejista, que representaram a economia forte e sustentada por uma classe consumista e voltada para a moda imediata, porém passageira. Quando cheguei a São Paulo, início dos anos 1970, já tinha passado pelo mercado de Recife/PE, tanto lá como cá, a situação não diferenciava tanto, apenas pelo porte e potencial econômico financeiro.


Grandes lojas varejistas que mandavam no mercado foram sendo esquecidas pelo próprio tempo e na maioria das vezes pela falta de renovação e na sua administração. Um dos casos mais emblemático foi da Casa Angla Brasileira, conhecida nacionalmente como Mappin, com sua fundação em 1913, na Praça Ramos. Depois abriu várias lojas, ficando marcada na memória do paulistano a da Av. São João com seu estacionamento próprio, como pioneiro na cidade, anos 1950.


Infelizmente, como todo império tem seu começo, meio e fim, com o Mappin não foi diferente, com sua opulência estendida por oito décadas, em 1999 sua falência foi decretada. Antes desse fato o Mappin tinha incorporado a Mesbla S/A, no mercado desde 1912, sendo essa empresa denominada de Mestre & Blatgé, com sede em Paris, operando no setor de máquina e equipamentos, passando a ser atuante também em lojas de departamentos.


A fusão não deu certo, de uma só vez, depois de pouco tempo o fechamento do grupo, já foi considerado o mais forte no segmento nacional e teve o triste fim do insucesso. As duas organizações enquanto individuais representava as duas primeiras. Hoje há tentativas de retornarem ao mercado pelas mãos do grupo Marabraz, propriedade da família Fares, não se sabe se o retorno será de forma presencial, pois em 2010, ocorreu a tentativa de voltarem ao mercado como e-commerce, sem o devido sucesso.

Outros grupos apareceram e sumiram, pelo menos com a expressão de gigantes, como é o caso da Arapuã, tradicional loja de eletrodoméstico, fundada em 1957, entrou em recuperação judicial nos anos 2000. A G. Aronson, com atividades iniciadas em 1944, especializadas em vestuários, destaque para casacos de pele, diversificando sua atividade, migrou para o setor de eletrodomésticos, não resistiu às intempéries do mercado, tendo sua falência decretada em 1988.


As Lojas Brasileiras era concorrente direta das Lojas Americanas, chegando a ter 63 unidades comerciais por todo território nacional, porém as dificuldades que o próprio mercado impõe, aliado aos problemas administrativos fizeram daquela loja, simpática aos olhos dos brasileiros, um projeto superado e, em 1999, cerrou suas portas e o mercado nacional perdia ali mais um empreendimento que não deu certo.


Uma gigante que parecia construída em alicerce sólido e que desmoronou foi a Sears, sucesso absoluto no mercado paulistano nos anos 1980, com atividades encerradas no Brasil no início dos anos de 1990, sua lembrança afetiva ficou restrita ao Shopping Paulista, próximo ao Parque Antarctica. Outro projeto com início em 1950 e seu ápice entre 1960/1970, foi a Ducal, do setor de vestuário, tendo encerrado suas atividades comerciais em 1986.


As Casas Buri, mesmo tendo iniciadas suas atividades explorando a venda de tecidos, em 1942, passaram a vender eletrodomésticos, ampliando seu leque de produtos com mais de 200 lojas, terminou sendo comprada pelo Ponto Frio. Em 1956 surge no mercado a Ultralar, loja do Grupo Ultragás, se transformando em hipermercado nos anos 1970, denominado de Ultracenter, na sequência foi vendido para o Carrefour, gigante internacional do setor.


Nesse início de século o mundo digital tornou o mercado de eletrodomésticos em pleno crescimento, muitas empresas que não eram do ramo migraram para esse segmento visando o crescimento que vinha atrelado à engenharia de ponta. Foi uma aposta que deu certo para muitos grupos, muitos desses já cinquentões, mas com sua administração oxigenada pela renovação administrativa e de mentalidade pelos seus sócios fundadores e ou herdeiros, além das fusões societárias.


Temos empresas, mesmo com pouca idade, tem mostrado muita disposição para o crescimento e sem medo dos riscos que sempre se apresentam para os investidores contumazes. Nesse patamar podemos destacar a Via Varejo, hoje, simplesmente denominada de VIA e proprietária de duas marcas famosas, em termos de lojas de varejo: Casas Bahia e Ponto frio, transformado em Ponto. Via está presente em mais de 400 municípios espalhados por 20 Estados.


Esse projeto vitorioso ostenta o número superior a 900 lojas, ponto de vendas e suas centrais de distribuição regionais, além de congregar 50 mil funcionários. Esses números são expressivos levando-se em consideração que o grupo vem desenvolvendo trabalho no e-commerce e buscando no mercado grupo menores para associações e fusões, uma forma de se manter e até crescer mesmo em momento de crise e de retração econômica.


Magazine Luiza, esse grupo surgido no interior paulista, cidade de Franca, vem passando por um processo de expansão invejável a qualquer empresa ou conglomerado empresarial, somente em 2020, Magazine Luiza, Magalu, carinhosamente identificada no mercado, comprou 11 empresas de mercados diversificados, entretanto voltadas para o segmento de varejo, compreendida no novo varejo digital e suas avenças.


O Magazine Luiza, mesmo tendo seus mais de 60 anos continua com sua capacidade e jovialidade de um jovem forte e inteligente, com cerca de 1200 lojas, escritórios e centros distribuidores regionais, conta com a colaboração de um exército de 35 mil funcionários.


Outros grupos estão se formando, com associações, fusões incorporações e outras modalidades comerciais dentro de uma realidade distante dos últimos 30 anos ou até menos. E nessas novas modalidades comerciais muitas inovações estão surgindo. Praticamente iniciado pelo Magazine Luiza, há uma nova modalidade de crescimento dos novos grupos, formada pelos representantes jurídicos, pequenos comerciantes que passam a trabalhar com o portfólio (catálogo) digital ou não.


Essa possibilidade de atuação faz do pequeno empresário um aliado do empreendedor mais forte e com reais possibilidades de proporcionar resultados favoráveis para as partes envolvidas. Não é o melhor que se pode ter, entretanto em momento de crise é uma forma de o pequeno comerciante manter seu negócio operando, com ganhos adicionais e absorção de custos fixos, uma parceria que pode ser o novo rumo dos pequenos empreendimentos.


Como o capital e trabalho sempre caminharam juntos e a transformação que está ocorrendo, principalmente no setor comercial, excesso de mão de obra e escassez de oferta de emprego, esse novo conceito de trabalho vem minorar, momentaneamente, a situação as dificuldades que grande parte da população produtiva vem encontrando. Acredito que esse não é o caminho encontrado e definitivo, mas pode ser uma luz para saída do fundo do poço.


Para o futuro eu não acredito que o sonho do jovem, a procura de trabalho, se de um emprego seguro e bem remunerado, essa fase já acabou, os velhos sindicatos vão ter que se adaptar dentro de uma realidade que nos espera, as parcerias serão as fórmulas milagrosas que virão e o próprio homem terá de, além de se prover, se custear, enquanto produtivo, não se esquecendo de se responsabilizar pelo futuro com o custo de fundo de pensão para aposentadoria e plano de saúde para ele e os seus.


Previdência social será coisa superada dentro de pouco tempo para as próximas gerações, não acredito naquilo que é deficitário e administrado pelo Poder público. Principalmente, no sistema Republicano e Democrático, com os Poderes contaminados que temos, não podemos e nem devemos acreditar no que dizem, mormente quando nossas leis são interpretadas ao sabor dos ventos e das conveniências de cada Poder.



Genival Dantas

Poeta, Escritor e Jornalista







 
 
 

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