Estamos no lusco-fusco da tragédia humana e há quem não acredite nela (24/03/2021)
O Fato Sem Politicagem 24/03/2021
Faz mais de um ano que tentamos falar de amenidades e só nos expressamos sobre veleidades, mesmo considerando temas distantes das nossas rotas de conhecimentos mais amiúdes somos sempre sacudidos pelos tremores das dissidias políticas que tomam conta do nosso dia a dia, mesmo na privacidade do nosso recolhimento por força das circunstancias momentâneas que nos flagela e devora com a sensação de perda da própria vida em decorrência da pandemia do Coronavírus que já se aproxima celeremente aos 300 mil mortes de brasileiros inocentes.
Estamos imersos numa atmosfera de imensa solidão das almas penadas, para piorar o clima de certezas de atitudes pueris dos que deviam se portar com paladinos das harmoniosas sensações de esperanças, mas esse contingente de pessoas perdidas entre o choro e as lágrimas das famílias descrentes e afetadas, diretamente, pela crise, tornam os dias mais pesarosos e longe de alguma possibilidade de um resgate da esperança tão almejada.
Já não há qualquer classe ou Poder da República que se possa recorrer e se sentir amparado mesmo que seja de migalhas de sensatez e solidariedade humana, afora a família que sempre nos cerca, tudo que nos delimita nos ricocheteia como se fora balas perdidas, ou mesmo por armas apontadas como que a querer nos afetar de todas as formas.
A travessia dessa semana vem sendo uma das mais difíceis, os números nos mostram o quando estamos expostos às intempéries da natureza e a insensata esperteza dos cruéis senhores que usam dos seus poderes para manipular os mais frágeis, esses últimos são tangidos da sociedade pelos fiáveis, como se fora ventos levando para longe as poucas certezas, que ainda nos nutrem, e que essa fase vai passar assim como nuvens passageiras.
Na área da saúde, finalmente o Ministério da Saúde foi finalmente ocupado, passamos de dois ocupantes e nenhuma autoridade de fato e de direito a quem nos reportar, Marcelo Queiroga, o novo ministro, assume o cargo mesmo não trazendo na sua bagagem nenhum resquício que vai mudar alguma coisa no ministério, vamos convencionar que troca sem mudança é pura falácia, ele já se considera mais um que obedece a quem manda, mesmo que esse mandante não tenha nenhum conhecimento da causa médica e sanitária, cujas trapalhadas é sobejamente conhecidas internacionalmente.
No legislativo a possibilidade de uma CPI da Coronavírus fica sempre minada pela gratidão que os presidentes das duas Casas devotam ao Bolsonaro, patrocinador exposto em alto e bom som na condução dos dois ao comando do Congresso Nacional. Nem mesmo sabemos se a vontade de mais de três milhões de brasileiros expressa em baixo assinado, capitaneado pelo jornalista Caio Coppolla e levado ao presidente do Senado pelo Senador Jorge Kajuru, será levada em consideração ou se o respeito ao povo será relativizada.
Mais ainda, o guardião das leis, STF, consegue em tão curto prazo, considera, monocraticamente, ministro Gilmar Mendes, inocentar o ex-governador e atual deputado federal, Aécio Neves, de processo que corria naquela Casa e manda arquivá-lo, seguindo orientação do PGR que não conseguiu alcançar qualquer resquício de crime que pudesse incriminar o inocente deputado, como prova inconteste que as instituições não são abstrações.
Considerando, irremediavelmente, que atitudes são sempre acompanhadas por gestos alinhados ao pensamento do homem, mesmo que sendo togado, definitivamente, o STF julga o Juiz Sergio Moro como parcial em processo da Lava Jato e em conhecida ação do “Tríplex do Guarujá”. Esse caso alvoroçou os catedráticos do Judiciário, as correntes contrárias estão perplexas enquanto os favoráveis estão imensamente satisfeita com o resultado.
Essa solução tira a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesse processo, tornando-o elegível, colocando o país em rota de colisão. Pois a presença do Lula na disputa ao cargo de presidente da República, conjuminado com a disputa de reeleição de Bolsonaro, torna o país um verdadeiro refém do continuísmo da tragédia que estamos enfiados desde 1985, reforçados pela Carta de 1988, turbinada pelas ações dos governos petistas e do Bolsonarismo. Juntos, os dois representam o que há de mais danoso a um país saqueado, debilitado e navegando sem plano de voo.
O que esperar de uma decisão do Supremo, mesmo que a ministra Carmem Lúcia tenha dito, em seu voto de arrependimento, que sua mudança na sentença foi exclusivamente para o processo específico do Lula, não tenho dúvidas que outros réus condenados pelo Juiz Moro vão tentar se beneficiar dessa decisão. Certamente, muitos vão obter sucesso e terão suas penas anuladas, voltando os respectivos processos ao início do julgamento.
Ressaltando o que há de pior na nossa República, o presidente Bolsonaro, com ar de moço bom, como quem se sente o defensor de todas as vacinas do universo científico e todo e qualquer método de isolamento, assepsia e uso de máscaras, fez pronunciamento no horário noturno para informar dos seus cuidados com a população.
Enfatizou que medicamentos para intubação de pacientes acometidos pelo Coronavírus não vão faltar e que as vacinas estão sendo aplicadas em escala de grandeza. É uma pena que ainda não existem penalidades para quem abusa da paciência e inocência da humanidade.
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