O fato sem politicagem 31/05/2022
Mais um mês percorrido com muitos problemas acumulados e pelas perspectivas verificadas nos meios produtivos e políticos, soluções definitivas estão distantes da nossa realidade, os problemas são tantos, em diferentes setores, que vou procurar me ater apenas ao aspecto segurança e suas vertentes, primordialmente na segurança pública, com uma reflexão sobre a convivência com a natureza e sua atividade violenta na nossa relação com ela.
A nossa segurança pública vem sendo de mal a pior, mormente nas principais cidades e quando a participação do tráfico impera em determinadas regiões das grandes cidades, caso específico do Rio de Janeiro, onde o Judiciário, STF, determinou que, durante a Pandemia do Coronavírus, fica proibido à invasão, pela polícia, de determinados locais, como os morros, sem o devido conhecimento da justiça e seus apêndices, sob pena de penalidades.
Essa situação não resolveu a situação de violência nos morros cariocas, ainda, dificultou a ação preventiva, principalmente, dos policiais militares que fazem o trabalho preventivo, coibindo qualquer manifestação popular com indícios de possibilidade de violência, quando os apaziguadores voluntários não têm mais condição de evitar um conflito generalizado, e ou até mesmo em situações de conflitos familiares, um respaldo que a sociedade civil espera dos nossos policiais.
A situação de violência é muito grande, entre policiais e marginais, nos morros cariocas, nesse último embate quando foi registrado o resultado de mais de 20 mortos, em diligência policial, com apreensão de armas de fogo, de grosso calibre, verdadeiro arsenal de guerra. Dessa forma, o confronto ocorrido entre policiais e pseudos marginais não podia ser diferente, com a morte de vários homens que enfrentaram a polícia que certamente estavam mais bem treinados para o combate.
Na outra ponta, na cidade de Umbaúba – Sergipe, 25 último, Genivaldo de Jesus Santos, 38 anos, portador de esquizofrenia, foi abordado em estrada local, andando de moto, sem capacete, por se tratar de uma pessoa com problemas mentais, tentou mostrar que estava de posse de seus medicamentos e fora ignorado, de forma truculenta os policiais o algemaram, jogaram em porta mala de um carro, antes foi jogada uma bomba de gás lacrimogênio, causando a morte do Genivaldo.
Nesse caso específico inclusive gravado e transmitido pela internet, ficou denotado toda falta de treinamento por parte dos policiais envolvidos, mais graves ainda é que se tratava de Policiais Rodoviários Federais, ou seja, a nata dos nossos policiais que deviam ser o exemplo para outras corporações, não é sem razão que a população brasileira e até mesmo internacional se sentiu estarrecida com aquele comportamento condenável e reprovável em qualquer situação.
Agora vamos falar da tragédia anunciada na área pernambucana, entre Recife e Jaboatão dos Guararapes. Esperei que a situação pelo menos se acalmasse, mas como as coisas continuam piorando, com contagem dos mortos envolvidos nos deslizamentos de terra, descendo dos morros, derrubando casas que se misturam aos entulhos e árvores, dificultando mais ainda a identificação dos corpos, consequentemente, suas identificações.
Já são calculados, 100 mortos, 15 desaparecidos, e aproximadamente seis mil desabrigados. Aquela área eu conheço bem, fui estudante, início da década de 1970, em Recife, ainda tenho uma irmã que mora lá e ficou sem comunicação por dois dias, não estava, emocionalmente, preparado para falar sobre o assunto sem o meu envolvimento pessoal. Pelo menos no meu caso a situação foi resolvida positivamente, mesmo assim, lamento pelas muitas famílias enlutadas.
Nessa tragédia que continua as chuvas ainda não cessou, o perigo continua iminente para quem lá vive e persiste em continuar. O que ficou marcado, no lado positivo, foi a solidariedade humana dos brasileiros, nessa hora somos campeões de calor humano, a corrente humana vem de todo Brasil, inclusive de fora do Nordeste, a Bahia, Paraíba e Rio Grande do Norte, têm dado uma contribuição especial, inclusive com material humano, reforçando o socorro às vítimas da tragédia.
Aproveito a oportunidade, como brasileiro e nordestino que sou para agradecer a comunidade brasileira e aos imigrantes que aqui chegaram e se transformaram em brasileiros na solidariedade e participam diuturnamente das tragédias brasileiras, fica estabelecido que na hora das dificuldades sejamos mais fortes unidos, quando nos separamos dividimos nossas forças, certamente, os resultados nessa hora deixa muito a desejar. Obrigado Brasil, em nome do Nordeste.
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