


Novo governo velhas práticas 13/06/2023
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, a surpresa agradável das últimas eleições, tem anunciado do seu propósito de transferir o comando do Governo Estadual para o velho centro da Capital paulista, na tentativa de revitalizar parte do centro antigo, cujo objetivo é, além de tornar a administração estadual mais acessível ao grande público, criar espaço de utilidade pública e comercial como nos tempos idos, valorizando ainda os imóveis depreciados ultimamente.
Quem conhece bem, assim como eu conheço, sabe perfeitamente que a região, entendendo Av. Ipiranga Praça da República, Av. Rio Branco, Praça Princesa Isabel e todo entorno da antiga rodoviária, mais especificamente as ruas paralelas e perpendiculares da Rua Helvetia e Barão de Piracicaba se transformou em uma região de ninguém, sequestrada pelos zumbis, que ocupam as ruas em busca de drogas, transformada na área conhecida como Cracolândia.
Infelizmente o “Pizzo” da máfia maldita faz extorsão com os comerciantes daquelas ruas exigindo valores fazendo com que as lojas aos poucos fossem fechadas, transformando uma região tão valorizada em um passado recente, 30 anos aproximadamente, em um setor de risco para os transeuntes, moradores da região, antigos comerciantes, colégios e os próprios usuários de drogas, principalmente os que se entregaram ao vício e se transformaram em moradores de rua.
Acredito que o projeto embrionário do governador Tarcísio será vencedor, servindo até como paradigma para outras Capitais que vivem o drama dos paulistanos, para aqueles que querendo trabalhar e estudar tendo que conviver perigosamente com pessoa decadentes e exploradas pelo narcotráfico e tendo que sentir o envelhecimento precoce, de uma hora para outra sentir o verdejar de u m novo tempo, com a esperança de uma nova vida surgir entre as ruas maltratadas.
Esse assunto me remete a outra situação de penúria que passa os nossos jovens tidos como os Nem-nem, ou seja, dos 49 milhões de brasileiros, entre 15 e 29 anos, fazem parte dos desalentados, os números são arrepiantes. Desses, 20%, aproximadamente (9,8 milhões) vivem em busca de uma oportunidade de trabalho; 15,7%, estão trabalhando e estudando, 25,2% apenas estudando e 39,1%, trabalhando, porém, longe de atividade escolar.
Esses números são recentes, os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua Educação 2022. Temos que lembrar que esses jovens estão entregues à desesperança, portanto, fadados a não ter nenhum futuro próspero; o mais intrigante é que essa parcela da sociedade pode ficar vulnerável e entrar para o grupo dos viciados em drogas, é preciso uma atuação dos governos, nos três níveis, para resolver esse drama social.
Ficou claro que não podemos fazer de conta que o problema não é nosso, apenas o governo não dará uma resposta satisfatória, pois a crise é muito grande, temos que nos dar as mãos e partir para uma solução definitiva, com atuação da área do trabalho, setor econômica para financiamento de mini projetos, priorizar a educação para essa turma dessa faixa etário tão carente, nessa hora é preciso esquecermos qualquer ideologia política e religiosa.
Com estamos no mesmo barco, a nossa geração será cobrada amanhã por tudo aquilo que não fizemos, nos últimos 35 anos compactuamos com o desmoronamento humano, social e moral, além de transformarmos nossa educação em uma tragédia anunciada, ou faremos algo para dignificarmos a nossa passagem por esse plano, caso contrário, não seremos dignos de pedir um abraço amanhã dos nossos filhos, netos e bisnetos que já estão por aí. Isso é um fato lamentável.

Genival Dantas
Poeta, Escritor e Jornalista
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