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Foto do escritorGenival Dantas

Desde os aplausos e eloquência do parlatório ao frio e silencioso bastidor(29/10/2020)



O Fato Sem Politicagem 29/10/2020

Em 2018, o brasileiro cansado da alternância no Governo Federal entre a Esquerda propriamente dita, representada pelo PT, partido ao qual orbitava os demais partidos menores e daquela ideologia; e a pseuda Direita, ativa e empenhada em não permitir a hegemonia política da Esquerda, o PSDB, uma fatia do desgarrado PMDB, quando o Brasil saiu do bipartidarismo e surgiu uma verdadeira avalancha de partidos políticos.

Foi no mandato do Presidente José Sarney, aquele que foi sem ser escolhido, era o ano de 1988 e a nossa nova constituição foi promulgada, mesmo com falhas na sua elaboração ficou e é conhecida como “Constituição Cidadã”. Havia muitas correntes políticas envolvidas e com interesses diretos no seu resultado, Ulisses Guimarães, Presidente da Assembleia Nacional Constituinte (1987/1988), o homem símbolo da Democracia.

Outro político de muita influência à época, Tancredo de Almeida Neves, tanto é que ele fora escolhido no colégio eleitoral, pelos congressistas, vencendo o Deputado Paulo Maluf do (PDS) partido do Governo Militar, por 480 votos contra 180 dados ao concorrente situacionista, em 1985. Ele que sempre foi um defensor ferrenho do Parlamentarismo, sendo o Ulisses Guimarães um pregador do Presidencialismo a futura Constituição não podia ser diferente, dessa forma temos um país Presidencialista com uma Constituição com viés Parlamentarista.

Numa situação insólita para os brasileiros o nosso primeiro presidente eleito, pela oposição, mesmo que indiretamente, não assumiu o cargo em decorrência da sua morte, cujas dúvidas sobre o caso ainda paira sobre a cabeça de todos nós e assume em seu lugar o vice-presidente, José Sarney, em face de esse episódio e que coloquei no início do texto que ele, Sarney, “foi sem ter tido escolhido”.

Há um adágio popular recorrente em meu sertão nordestino que diz: “águas passadas não movem moinhos”. Isso é fato, isso é real, o tempo passou e vários governos passaram pelo Palácio do Planalto, aquilo que era tão combatido, se falava em corrupção nos 21 anos do Governo Militar, depois de 1985 a coisa ficou insustentável nos Governos Civis.

Para piorar foi tentado de tudo e com correntes políticas diferentes, até que em 2018, para fugirmos da mesmice enfadonha, tentamos uma nova fórmula, confesso que não foi a mais assertiva. Entre a Direita e a Esquerda, buscamos a coluna do meio, apostamos nossas fichas em um ex-capitão do Exército brasileiro, 28 anos Deputado Federal, sem nenhum protagonismo apresentado dentro da Câmara Federal, pertencente ao baixo clero.

É bom lembrar que o Deputado Federal pelo Rio de Janeiro, até 2014, Jair Bolsonaro era um político de 100 mil votos, quando casou com a Michele Bolsonaro teve um surpreendente número de votos que superou os 450 mil, essa expressiva votação aconteceu pela aproximação deles com os evangélicos, origem religiosa da Michele.

Aquele político que vive sob a sombra dos votos oriundos dos militares, sua origem, agora se sentiu encorajado e se lança na corrida em direção ao cargo maior na política brasileira, a Presidência da República. Assim ele foi com a cara e a coragem, parcos recursos e um eleitorado dividido, no vácuo ele se saiu vitorioso, o resultado dessa façanha estamos ajudando a fazê-la.

No início do Governo Bolsonaro havia muita esperança no ar, ministros escolhidos tecnicamente, sem a participação dos Partidos Políticos, foi uma promessa de campanha, controle da chave do cofre do erário sob vigilância total, nada de presidencialismo de coalizão, tudo dentro da cartilha do novo comando, tudo parecia seguir um novo ritmo sem a interferência externa por conta de acertos e conchavos feitos nos corredores dos poderes.

Ledo engano, o novo sistema foi se desmontando, se fragmentado, na proporção em que o tempo passava e os projetos do Executivo iam ficando encalhados na mesa do Presidente da Câmara Federal ou no próprio Senado, quando seguiam eram considerados Inconstitucionais pelo STF. Depois de muitos arroubos, trocas de acusações, pedidos de impeachment do Bolsonaro e o risco da ingovernabilidade.

O Presidente Bolsonaro joga a toalha e se rende ao toma lá da cá, termo usado por um grupo de congressistas, reconhecidos desde os anos 1987, dentro da Assembleia Constituinte, como Centrão. De lá para cá, a situação vem degringolando, o Executivo virou refém do Legislativo e da ala mais perigosa, por se tratar de uma parte de congressistas acostumados a trabalhar pelo bem da própria classe sem levar em consideração o objetivo maior que é o Estado Brasileiro.

O Governo Bolsonaro tinha tudo para acertar, seu ministério técnico, apoio dos militares reformados que ele levou para o seu governo, eleito por 57 milhões de eleitores, uma oposição desfigurada e quase morta pelos seus próprios erros do passado recente. Infelizmente, Bolsonaro achou que se bastava, ele era a própria Constituição, assim ele se via, começou a se apresentar verdadeiramente.

Tripudiando sobre seus auxiliares diretos, tivemos muitas baixas na sua administração com saldos negativos para o governo, Bolsonaro fazia tudo menos administrar a Nação, ele demonstrava total incapacidade administrativa, politicamente era uma verdadeira mula distribuindo coices em todas as direções, sem o menor trejeito para dialogar, uma linguagem muito longe do que habitualmente é verificada nos governantes, a exasperação total nas relações amistosas, em suma uma, um desastre total.

Dentre os discordantes da sua administração, tivemos o caso dos militares de personalidades mais fortes, tivemos o caso dos Generais Carlos Alberto dos Santos Cruz, Ministro Chefe da Secretaria de Governo; o Maynard Santa Rosa, Chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos também se demite; e o ex-Porta-Voz da Presidência da República, Otávio do Rego Freitas, depois de um extraordinário protagonismo no cargo que ocupara, ficando esse último com o simbolismo das respostas sucintas e bem colocadas, em respostas aos jornalistas de plantão no Palácio do Planalto.

No início do primeiro trimestre deste ano, as informações dadas pelo Porta Voz da Presidencia começaram a rarear, anunciava-se pelos corredores dos Poderes desentendimentos do General com um dos filhos do Presidente Bolsonaro, comentava-se, ainda, as crises de ciúmes que o próprio Presidente tinha do sucesso de seu auxiliar junto aos profissionais da Imprensa que pelo Porta-Voz nutriam muito respeito e admiração pela sua maneira, mesmo que austera, se apresentava sempre cavalheiro e cordial.

Finalmente, e nos últimos dias, depois de um profundo silêncio do auxiliar do Presidente Bolsonaro, o General Rêgo Barros, aparece para a Imprensa, com muita diplomacia, sem fazer citações a qualquer pessoa, depois de desvinculado do cargo que ocupava apresenta os fatos pelos quais levaram ao seu afastamento do governo, apenas uma surpresa que eu particularmente não sabia as apresentações que o Bolsonaro passou a fazer pelas manhãs e no jardim do Palácio, para seus seguidores e alguns jornalistas, comenta-se ele não falou, tinha a finalidade específica de esvaziar o cargo do Porta-Voz. Isso é fato, isso é real, sem politicagem.


Genival Dantas

Poeta, Escritor e Jornalista



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