O Fato Sem Politicagem 09/11/2020
Não está sendo novidade para ninguém o atual momento político mundial, como era sabido pela maioria dos moradores dos países democráticos o resultado das eleições dos EUA não seria nada calmo para o atual presidente Donald Trump caso o resultado fosse o que aconteceu, sua derrota para seu oponente Joe Biden. Não acredito que judicializar o resultado tenha algum efeito prático como vem ocorrendo, ou vinha ocorrendo à contagem dos votos, contabilizados de formas distintas e pontuais nas devidas modalidades, com votos presenciais, pelo correio e até correio antecipado.
O mundo civilizado já se curva ante a vitória dos Democratas lá no Estado Americano do Norte, as grandes potências enviaram suas congratulações e votos de sucesso ao novo governo americano que se instalará a partir de 20 de janeiro de 2021. Essa troca de governo no maior país democrata do mundo trará algumas mudanças, até certo ponto radical.
Donald Trump conseguiu o que poucos acreditavam para um país líder mundial, o isolamento político e econômico, contrariar os diversos grupos mundiais com a política de desrespeito ao meio ambiente e sua preservação, além de total desprezo pela pandemia do Coronavírus e o trato com as práticas sanitárias para o combate do mal que se instalou de forma crítica e se constituindo no país de maior número de contaminados dentre todos.
Claro que vai chegar o momento que o atual presidente americano vai por força das circunstâncias e o dever de ofício também lhe obriga a reconhecer a vitória do adversário, essa é a etiqueta democrática, mais que centenária e voltada para as relações dentro dos povos civilizados, mormente os democratas. Muito embora seja um papel que ele tem o direito de exercer, mas está ficando ridículo para um presidente de um país da expressão econômica e política mundial, entretanto não vai ser Donald Trump e sua empáfia que vai macular a democracia mundial, por mais que ele tente.
Para não fugir ao convencional do governo Bolsonaro, acuado pela derrota do seu ídolo maior, Jair Bolsonaro enfiou a viola no saco e parece-me ter ido cantar em outras paragens, seu silêncio traduz todo temor que ele sente depois da posse do novo presidente americano. Algumas medidas já são anunciadas, pelo menos oficiosamente, como plano de transição: combate à pandemia do Coronavírus; igualdade racional, contornar os problemas de combates de ruas que ora ocorrem; reativação do projeto de mudanças climáticas e recuperação da economia.
Das possibilidades de novas políticas algumas podem ter consequências negativas para o Brasil, deixando-nos a lamentar pela viuvez do presidente Bolsonaro, com a perda do Trump e sua amizade nada colorida, nem mesmo preto e branco nos parece. O acordo de Paris deve voltar a existir para os americanos no atendimento da diminuição da poluição e mudanças climáticas. Além disso, o plano de vacinação deve ser estimulado imediatamente; o mais temido para o nosso agronegócio é o retorno das boas relações comerciais entre americanos e chineses e a consequente diminuição das novas vendas de soja aos chineses em detrimento ao produto norte-americano.
Nesse último caso, a reaproximação comercial dos EUA com a China, o risco que venhamos a perder vendas de outras commodities é verdadeiro, é bom que a família Bolsonaro coloque freios na língua, ela e outros elementos dentro do atual governo brasileiro, para não piorar o que anda péssimo para o nosso lado, qualquer investida, com comentários indevidos, incertos e inoportunos, trará consequências negativas contra os chineses, podendo acarretar prejuízos incorrigíveis ao nosso comercio exterior, ultimamente andamos dependendo muito dos asiáticos, primordialmente os chineses.
Não estamos no nosso melhor momento, além dessa mudança de rumo dos EUA, temos a nossa eleição de cunho municipal com resultados imprevisíveis para o governo Bolsonaro. Não sabemos ainda do resultado prático que teremos pela frente, apenas que a dicotomia da esquerda e direita, com divisão extremada entre bolsonaristas e lulistas, como ocorreu no último pleito em 2018, ela perdeu sua relevância, o Lulopetismo é uma página virada e o Bolsonarismo caminha para o mesmo final.
Quando os políticos se desesperam e não conseguem passar aos eleitores uma plataforma política que justifique sua vitória nem mesmo no primeiro patamar de uma carreira e passam a fazer promessas com aspectos de graveolência e deletérios fundamentos, fica até difícil justificar suas associações, parcerias e apadrinhamento com a finalidade específica para enganar os mais simples e modestos, nesse ponto é chegado o momento de fecharmos o Estado para balanço.
Temos a eleição do dia 15 que não será um divisor de águas em nosso país, talvez uma preparação distante de um projeto para 2022, nada que venha trazer alguma orientação ou até mesmo um quadro animador que possamos nos basear para o futuro próximo.
Com um quadro de políticos sem nenhuma expressão que justifique uma candidatura para presidência da República é bem provável que seja apontado, por conveniência política para alguns grupos, uma figura sem nenhuma tendência ou mesmo cacoete para ocupação de um cargo tão importante, dessa forma estaremos repetindo os mesmos erros dos últimos tempos.
Com o Estado brasileiro ficando mais uma vez a deriva, em um barco furado e singrando mares de desolações cujo desembarque só será possível em novo pleito ou em naufrágio em águas escuras e turbulentas. Ainda, caso aparece, nesse ínterim, sugestões de elementos vendendo soluções salvadoras fatalmente serão mais uma farsa de falsos brilhantes tão abundantes em malas de comerciantes biscateiros em busca de clientes indolentes e de poucos recursos intelectuais.
Esse momento é díspar, distante de tudo aquilo que já passamos, com um quadro de raros representantes do povo que possam ser avaliados para a administração pública, muitas são aqueles que se apresentam com reputação já testada e na mira da justiça, sendo condenado ou fugindo dela pelos furos da lei, até mesmo com julgamento no compasso de espera decorrente da morosidade da lei.
O mais triste é não termos um governo para nos espelhar, o presidente da República que temos está muito mais preocupado com as eleições futuras, sem tempo para cuidar dos problemas relevantes que surgem no dia a dia, um quadro de auxiliares, com raras exceções, sem a menor capacidade de gestão, nessa situação de aparente entrevero fica a certeza de futuro incerto e de mau presságio.
Genival Dantas
Poeta, Escritor e Jornalista
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