Confesso que depois de quase 72 horas viajando, saindo do Sudeste (interior de São Paulo, indo ao nordeste, sertão paraibano, passando por São Paulo e Rio Grande do Norte, devo admitir que fosse uma verdadeira maratona, principalmente para quem não está no auge dos seus vinte anos. A ida, primeira etapa da viagem, foi tão desgastante quanto a volta, mas o objetivo compensava qualquer esforço maior. Depois de relutar muito, fui convencido de participar das homenagens que fizeram ao meu pai, ainda sigo sentindo os efeitos de pós operatório de uma cirurgia nada convencional e arriscada.
Passada as emoções iniciais da chegada à terra que me viu nascer, acompanhado dos meus familiares, pernoite e começo de um dia que se apresentava estafante, como toda e qualquer viagem de família tipo excursão quando tem sempre o organizador, ou organizadores, tudo começa perfeito até se verificar que a programação elaborada para execução dentro de um horário regia e rigidamente detalhadamente, apenas nosso cicerone, por acaso membro da família, ex-militar e bancário ligado ao governo federal, enquanto operativo, foi cronologicamente perfeito se esqueceu de apenas que o dia útil, comercialmente falando, tem apenas, e no máximo dez horas e a agenda tinha tarefas para umas trinta horas e efetivamente tínhamos que retornar no dia seguinte e no primeiro horário.
Aquilo que seria uma homenagem para alguém que faria 100 anos se estive vivo, com vislumbre de confraternização, foi se transformando em uma verdadeira saga familiar. Faltaram mais empenho e rigidez no cumprimento dos horários, dessa forma começaram os atropelos e algumas visitas importantes foram ficando para trás e o tempo foi ficando exíguo , quando descuidamos havia uma distancia muito grande entre o projetado e o realizado, nesse momento de consciência plena só restava cortar a programação eliminando aquilo que poderia ficar para uma próxima oportunidade e seguir para o objetivo principal que era a missa programada e os festejos marcados, deixando de lado todo o resto programado, muito embora toda elaboração fôssemos prioritária, imagine então o grau de ansiedade naqueles que tinham feito programações paralelas ao grupo.
Finalmente, o programa principal, a missa e as homenagens decorreram dentro do contexto, participação dos principais familiares, previamente comunicados, chegada e presença dos que moravam fora, o meu caso, outros irmãos e filhos que seguiram de Brasília e Recife até a cidade de São Bentinho/PB, lugar pequeno, territorialmente falando, porém de uma gente extraordinária. Eu particularmente que nos últimos 50 anos estive por duas vezes na localidade, contando com essa última visita, não me surpreendi com a hospitalidade dos nosso conterrâneos de Pombal e São Bentinho, a grata surpresa foi verificar que os Cândidos e Dantas continuam crescendo como família e como gente na exata expressão da palavra.
Encontrei em São Bentinho uma quantidade enorme de parentes distribuídos entre primos de primeiro, segundo e terceiro grau, uma maioria de jovens em formação, buscando o crescimento nesse mundo de muitas incertezas e sacrifícios, mesmo assim esse tipo de situação não é empecilho para a busca de um futuro melhor. Em Pombal, morando em bairro novo e da periferia, localizei uma comunidade, em uma rua, composta de nossos familiares, ali estava nossa única tia viva e lúcida, com 90 anos e um grupo de jovens e adultos, também em busca dos seus ideais.
Percebi que falta apenas que os nossos parentes voltem a conjuminar objetivos traçando planos e se ajudando mutuamente, indiferente ao distanciamento existente entre eles, julgo de uns 20 km no máximo, estereotipando uma formula que venha a consagrar, ou continue consagrando uma irmandade que sempre existiu antes, durante e depois dos nossos antepassados. Lá deixei a certeza que vou voltar com mais calma para conhecer ou rever os que não tive oportunidade de visita-los, assim como amigos que também não foi possível fazer uma visita sou demorada, algumas que fiz, mas não fiquei satisfeito pelo muito que tinha que tratar e o tempo que não foi razoável.
Espero ainda, não demorar tanto para rever nossa gente, mesmo porque, sei que não tenho muito tempo para certas prioridades e necessidades, o tempo urge contra os nossos planos aqui na terra. Tenho certeza que aqueles que encontrei com apenas 60 dias de vida, os mais jovens, portanto iniciantes, mamando, e os mais idosos, assim como eu, não que estejamos caducando, porém temos que nos precaver e preparar a nova geração para novos tempos e que eles continuem a dignificar os Cândidos e Dantas, de antes, durante e depois da nossa passagem por aqui.
Genival Torres Dantas
Poeta, Escritor e Jornalista
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