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Da República das bananas aos fuxiqueiros da República(06/05/2020)

Foto do escritor: Genival DantasGenival Dantas


Exatamente na metade do século XlV, entre 1347 e 1351, a Peste Negra, também conhecida como Peste Bubônica, a Eurásia foi acometida pela pandemia devastadora resultando a morte entre 75 e 200 milhões de pessoas, correspondente a 1/3 do Continente. Os números não são exatos, existia muita dificuldade de sua certificação, dados registrados apontam como originária da China.

Esse acontecimento fez parte das crises da Baixa Idade Média (o auge do feudalismo e sua decadência), Revoltas Camponesas (revolta contra os feudais) e a Guerra dos Cem Anos (embate entre França e Inglaterra), resultando no declínio da Cavalaria Medieval (formada por cavaleiros nobres).

Focando no tema central, a Peste Negra, ela surgiu com as caravanas de comercio vindas da Ásia pelo mar Mediterrâneo, desembarcavam normalmente em Veneza e Gênova, essas duas cidades representaram as portas de entrada da pandemia. Os meios condutores da Peste eram exatamente os ratos e pulgas infectados com o bacilo que transmitiam às pessoas, na sequência e em estado mais avançado ela se proliferou por via aérea, através de espirros e gotículas da saliva.

Há mais de 500 anos a doença era facilitada pelas péssimas condições de higiene, habitação e saneamento básico que nem existia. O hábito de se higienizar é um assunto de alguns séculos passados. Ainda, o meio de transporte marítimo sempre um ambiente de proliferação de doenças transmissíveis, por isso, foi atribuído aos estrangeiros em trânsitos, principalmente os Judeus por terem origem europeia e em constante migração. Nessa época, eles acabaram sendo sacrificados e mortos, durante a fase mais aguda da pandemia.

A ignorância científica e médica eram recorrentes no planeta, a cura era muito difícil, sem recursos técnicos e ausência de informações a respeito da doença, os infectados tinham uma taxa de 90% de morte, tentava-se banhar os pacientes com sumo de hortelã para manter as pulgas distantes dos pacientes que estavam sempre presentes nos amimais caseiros como gatos e cachorros que normalmente dormiam por entre as madeiras das coberturas das casas.

Outra providência tomada era o isolamento dos infectados e transferidos para albergues coletivos, quando o paciente não resistia e falecia , todos os seus pertences, incluindo-se o próprio corpo eram queimados, até mesmo a própria casa também tinha esse triste final. Os sintomas eram de inchaços pelo corpo, era doloroso e terrivelmente rápido, com processo de eliminação da vida humana de dois até cinco dias.

Não sabemos se ainda é meio da pandemia do Coronavírus, ou se estamos no começo. A verdade é que depois de tanto tempo, pelo menos em termos de combate ao desconhecido, como os vírus, nada evoluímos, sem medicamentos corretos e nem vacinas, se considerarmos que o saneamento básico e ridículo nas nossas cidades, principalmente as médias e grandes, sem contarmos com a zona rural brasileira, estamos em um processo embrionário, mais da metade da humanidade continua vivendo precariamente considerando os cuidados com a saúde pública.

O que mais me entristece é que desenvolvemos muito em termos de tecnologia, produzimos máquinas de mil funções, já saímos do nosso planeta e visitamos outros lugares distantes, temos uma capacidade extraordinária na construção do conforto para poucos privilegiados, desde que tenha recursos materiais, só não nos lembramos do coletivo, dessa forma, somos reféns de uma molécula fatal, e ela pode, dependendo da velocidade de proliferação, simplesmente nos varrer da face da terra.

Dessa forma é muito triste, mas é real, continuamos os egoístas de sempre, estamos sempre preocupados com o nosso pequeno espaço que ocupamos por tão pouco tempo que aqui passamos na busca constante de nos darmos bem esquecemos que respiramos o mesmo ar que nos cerca, bebemos a mesma água que cai das nuvens e é represada sob a terra e até sobre ela, nos alimentamos da mesma comida que a terra nos oferece, desde que se pague pela água e pelo alimento que é uma dádiva da natureza.

Não estou aqui querendo ser bom samaritano, pretendendo pregar a divisão dos bens, mas que seria bem justo para todos se tivéssemos o cuidado e o zelo para com os nossos irmãos humanos, sem a gula e a usura, retendo para nós o que a nossa capacidade assim nos permitir, não adianta querer cercar o mundo para o meu uso se amanhã e definitivamente precisarei apenas de um espaço mínimo para ser enterrado, ou até talvez nem isso, será bastante o espaço para uso rápido, o tempo suficiente para ser incinerado e as cinzas jogadas aos ventos.

Quando vejo a contenda que há entre os Poderes constituídos do meu País, enquanto nosso povo se desespera em busca de um leito hospitalar, muito dos quais sem os devidos equipamentos que possam salvar suas vidas, honestamente, sinto vergonha do Poder Judiciário, do Congresso Nacional e do Executivo, eles bem representam a República das bananas e os fuxiqueiros da República, não merecem nosso apreço e a nossa consideração.


Genival Torres Dantas

Poeta, escritor e Jornalista

genivaldantasrp@gmail.com.br



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