A falsa impressão que o mundo vive muito bem com sua gente mergulhada na ilusão do pode tudo sem deveres a cumprir, sem a mínima ciência que a conta virá depois, correm, os imediatistas, o risco de se perderem por entre retas e curvas da estrada mal sinalizada, mas, de muitos contornos e desvios.
A última semana foi composta de crimes e castigos por parte de uma sociedade absolutamente alienada e conectada ao mundo virtual, local das plataformas digitais, feito aos afeitos do anonimato pertencentes ao descalabro moral mantendo-se apenas nas colunas de sustentação do descabido triangulo da impunidade. Quanto os adolescentes e a juventude, contando ainda com alguns amadurecidos, pelo menos cronologicamente, partem para a guerra das palavras destilando ódios e ressentimentos, fica a sensação da absoluta ausência de amor e respeito aos outros seres humanos. Essa necessidade de amar e ser amado são sentimentos desconhecidos dos incautos, perdidos no horizonte distante.
A realidade tem demonstrado o quanto o mundo ilusório, longe dos controles e Leis elaboradas para direcionamento dos usuários, tem jogada uma grande massa de pessoas, tensas e até neuróticas, imitando os ensaios laboratoriais, praticando crimes conscientes ou não, simplesmente agem de forma atabalhoada, procurando mostrar, de alguma forma, sua capacidade de ação e reação, tentar impor uma força à sociedade, de forma a disputar um espaço dentro dela inutilmente, quando esse sujeito já é um seu componente, mesmo que tempestuosamente.
O fato ocorrido em Suzano, interior de São Paulo, 13/03, nos fez relembrar outras situações, umas tão ou mais graves, outras de menor impacto, nos deixando atônito pelas formas das ocorrências e coincidências nas idades dos praticantes dos crimes e locais das práticas, colégios, locais onde deviam ser o berço do ensino e aprendizagem do bem, nesse caso, total ausência do mal. Com ajuda e consulta ao Jornal O Estado de São Paulo, relato os casos de alcance nacional:
Salvador/BA - 10/2002 - aluno de 17 anos mata duas estudantes, a tiros, colégio Sigma;
Taiúva/SP - 01/2003 Edmar Aparecido Freitas, 18 anos, mata colega e suicida, colégio Estadual Cel. Benedito Ortiz;
São Caetano do Sul/SP – 09/2011 – Aluno de apenas 10 anos GCM, mata professora e se mata - Colégio Alcina D. Feijão;
Rio de Janeiro/RJ - 04/2011 – Ex-Aluno Wellington Menezes de Oliveira, 23 anos, invadiu colégio e matou 12 anos e ferindo outros 12, Escola Municipal Tasso da Silveira;
Santa Rita/PB – 04/2012 – aluno mata uma jovem de 15 anos, Colégio Enéas Carvalho;
Goiânia/GO – 10/2017 – um filho de PM de 14 anos, mata a tiros quatro alunos e fere quatro, Colégio Goyases;
Janaúba/MG – 10/2017 – Um segurança ateia fogo e mata oito crianças e um professora, o assassino também morre, na própria creche;
Medianeira/PR - 09/2018 – estudante de 15 anos atira em dois colegas na Escola João Manoel Mondrone.
Com exceção do caso de Janaúba todos os casos foram práticos por alunos ou ex-alunos. Esses casos estão sendo imputados a uma alienação coletiva decorrente da convivência diária e acima do razoável por jovens ainda em formação de cultura e caráter, sendo, portanto, vítimas desse novo comportamento social. Claro que temos um longo caminho a percorrer para que se chegue num senso comum. Por enquanto ficamos no aguardo dos dados oficiais e dos órgãos competentes e lamentando a trágica situação dessas famílias afetadas e castigadas, tanto dos mortos e feridos como dos assassinos.
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