Quando alguém é eleito para presidente da República, pelo voto direto e secreto, sufrágio universal, como fato peremptório, o novo comandante de uma nação passa a fazer suas escolhas para montar seus auxiliares diretos, como por exemplo, ministros e presidentes de Empresas, Estatais, sociedades de capital misto e outras organizações em que o Estado brasileiro tenha responsabilidade direta nas suas administrações.
Como ninguém ganha uma eleição isoladamente, há a conveniência de se fazer acordos, estudar coligações, montar Gabinete Civil para manter certa base eleitoral dentro do Congresso nacional, cujo objeto maior é aprovar seus projetos prioritários e que faça seu governo deslanchar desde o começo, sem os entraves decorrentes de impedimentos impostos pela oposição, que derrotada tenta atrapalhar o máximo para mostrar serviços ao seu eleitorado.
Até aqui tudo justo e perfeito, o grande problema é que muitos são oferecidos, porém, poucos são os escolhidos. Muitas situações são avaliadas nessa hora de juntar esforços na formação dos principais cargos e distribuição de outros de menor importância, mas de responsabilidade dobrado, segundo, terceiro e quarto escalão, normalmente vão atuar distante do comando geral e sob responsabilidade dos seus ministros, secretários e diretores, em verdadeira corrente de esforço concentrado.
No atual governo Bolsonaro o turnover dentro dos principais cargos, é muito alto, em alguns Ministérios, e ou setores, a situação é mais complicada, especificamente, dois deles se destacaram nesses três anos e três meses de gestão bolsonarista, o Ministério da Saúde e o Ministério da Educação, talvez pela sua importância social tenham se apresentado de forma quase que inapropriados, de gestões duvidosas e criticadas durante todo esse período de governo.
O Ministério da Saúde, face ao fato da pandemia sanitária, Coronavírus, ter ficado sob controle, depois de dois anos de quase calamidade, saiu da mídia, por quanto à ocupação da Ucrânia pela Rússia vem ocupando todo seu espaço nos noticiários. Entretanto, o Ministério da Educação, com a quarta troca de ministro ainda não consegue se mantiver longe dos holofotes da imprensa, não só pelas escolhas nada satisfatórias, muito mais pela inabilidade dos ocupantes do cargo.
O primeiro ministro que assumiu o cargo era um intelectual, filósofo, teólogo e professor, importado da Colômbia que nada acrescentou ao nosso Ministério, além de não ter se adaptado na nova função. Ele foi substituído pelo economista Abraham Weintraub, que não tendo nenhuma intimidade com o cargo não se sustentou nele, talvez tenha sido colocado no governo por conveniência política e ideológica, o que não funcionou.
O Sr. Carlos Alberto Decotelli, teve um mandato temporão, de apenas 05 dias, renunciou por desencontros de informações curriculares, apenas foi nomeado, mas não chegou a tomar posse no cargo. Na sequência tivemos a nomeação do ex-ministro Milton Ribeiro, esse último foi uma escolha, segundo o próprio Bolsonaro, ele era um ministro terrivelmente evangélico. Acredito que tenha sido uma escolha para agradar a bancado dos evangélicos que apoiam o atual governo.
Muito embora o ministro tenha feito declarações infelizes, durante seu mandato, nada que tenha comprometido sua gestão, até que nos últimos 10 dias sua atuação vinha sendo detonada, até mesmo pela bancada evangélica, que pediam sua saída do governo em decorrência da presença de dois pastores, da sua religião, com resquícios de propinas e atuação no Ministério sem nenhuma ligação empregatícia, uma situação atípica e sui generis.
Esse fato, mesmo com o presidente Bolsonaro tendo procurado prestigiá-lo no cargo, sua saída estava escrita, foi apenas uma questão de tempo. Mesmo ele tendo alegado sua inocência no caso, as provas, fabricadas ou não, foram tantas que ficou insustentável para o próprio Bolsonaro, principalmente em ano eleitoral, e o presidente tem pretensão de se reeleger. Não posso afirmar da sua inocência, ou não, o tempo se colocará como juiz nesse caso emblemático para a política nacional.
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