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  • Foto do escritorGenival Dantas

Areia no coturno e a caminhada poderá ser claudicante (16/04/2020)




Para quem é militar ou passou por esse processo sabe que areia no coturno é tão incômodo quanto uma pedra no sapato. Finalmente as coisas vão se acomodando no Ministério da Saúde e a saído do Ministro Luiz Henrique Mandetta está definido e Bolsonaro fecha com o nome do oncologista e empresário do setor da saúde, Nelson Teich, com atuação transito junto ao segmento científico, técnico e hospitalar e respeitado como profissional médico pelos seus pares.

Antes de chegar ao Ministério como Ministro, Nelson Teich tinha sido sondado para o cargo, pelo Presidente Bolsonaro, na montagem da equipe do Presidente em 2018, mas foi preterido pelo nome do Mandetta. Antes de ser anunciado a nome do novo ministro outros nomes eram especulados para o cargo; o Presidente do Conselho Deliberativo do Hospital Israelita Albert Einstein, Claudio Lortemberg, atualmente preside o Lide Saúde, empresa com participação do Governado de São Paulo, João Doria, desafeto declarado do Presidente Bolsonaro.

A Dra. Ludhmila Hajjar, Diretora de Ciência e Inovação da Sociedade Brasileira de Cardiologia, foi também sondada; a Oncologista Nise Yamaguchi e do Presidente da Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA), Antonio Barra Torres, além do postulante, Deputado Osmar Terra, apoiado por pessoas ligadas ao Presidente da República, esses três perderam velocidade na proporção que o escolhido subia na cotação do comando presidencial.

Doravante esperamos que o comando das ordens para o combate do Coronavírus seja uníssono, tanto o Presidente Bolsonaro quanto seu Ministro fale a mesma língua e na mesma direção, que a pandemia não se torna uma Torre de Babel e todos nós encontremos uma saída não para o mal, mas para o bem.

O que ficou evidenciado nos últimos dias era que o embate entre o Presidente e o Ministro tinha por essência os pontos de vistas antagônicos que eles tinham com relação ao combate do vírus, Bolsonaro pregava o isolamento vertical e para os grupos de riscos iminentes, enquanto o Mandetta pregava a separação social de uma forma uniforme, quando todos os grupos participavam.

Exceção feita apenas aos profissionais de apoio no combate ao inimigo da população, Coronavírus. Mais ainda, o Ministro era contra o uso de qualquer medicamento que não fosse respaldado pela comunidade científica e com testes consolidados em experiências em humanos, e se aplicado, por orientação do médico e com consentimento do paciente, fosse para pacientes específicos e casos avançados, o que era contestado pelo Presidente.

Caso encerrado, fato consumado, rei morto, rei posto, esperamos, nesse momento trágico da nossa realidade, quando lutamos contra um inimigo desconhecido e fatal, que o novo Ministro seja coerente com os textos por ele escrito, quando ele prega o isolamento social, principalmente nessa fase em que nos encontramos e que ele possa convencer o Presidente Bolsonaro dessa necessidade.

Apenas para elucidar, os principais países da Europa, Alemanha, Itália e França, dentre outros, estão prorrogando o prazo de isolamento depois de insistirem com a ideia da liberação geral com o custo muito alto para a população que foi penalizada.

Aqui tem que haver um meio termo, pode ser flexibilizado em determinadas regiões, nos locais em que a disseminação do vírus já esteja em ritmo lento, com a vida voltando à normalidade; caso isso não seja possível, à troca de Ministro servirá apenas para provar não sei o que a não sei quem. Se de fato toda essa confusão em torno do Ministério da Saúde foi apenas gesto político ou picuinha, o Presidente terá que voltar a calçar seu coturno de marcha, com areia quente dentro dele, e andar alguns quilômetros na praia, com sol escaldante, como castigo pela sua insensatez.

Fica a nossa gratidão ao Ministro Mandetta pelo trabalho sério realizado na sua gestão, reconhecimento dos brasileiros que querem um Brasil produtivo, habitado por pessoas vivas e cheias de esperanças, a vida é una, o material se constrói e se adquire com trabalho e determinação, a vida é mantida com responsabilidade, fé e gestão. Que Deus ilumine o novo gestor e por dúvidas, tenha piedade de nós!


Genival Torres Dantas

Poeta, escritor e Jornalista



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