O Fato Sem Politicagem 25/10/2020
Sem levar em consideração a escola francesa de geografia, também conhecida como escola possibilista, criada por Paul Vidal de la Blache, que acreditava na reciprocidade entre o homem e o meio natural, porém centrado na possibilidade real de acerto nas ações partindo do trabalho assertivo e voluntarioso entre os postulantes de uma causa maior, não vale a pena acreditar ou desacreditar com intensidade, é preferível se manter empenhado em um resultado obtido dentro do esforço, empenho, sinceridade e transparência para se atingir o escopo pretendido.
A semana que passou foi soturna mesmo que precípua para as metas dos objetivos traçados tanto para o Governo Federal como para seu entorno ou mesmo para outros Poderes que orbitam mesmo que em paralelo. A confusão gerada pela compra ou não da vacina com tecnologia chinesa e patrocinada pelo governo paulista de João Doria, continua repercutindo nos meios políticos.
Agora com ponto de vista abalizado do Presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, instado sobre o assunto deixou claro que o STF pode ser acionado para resolver a questão, mais uma vez, sobre as responsabilidades dos Municípios, Estados e Federação, caso a solução não seja encontrada dentro da esfera dos envolvidos na aplicação ou não da referida vacina, no caso a “Coronavac”. Se o assunto for judicializado fatalmente o STF vai ter que se manifestar a respeito.
Não podemos esquecer que esse tema, vacinação, é bastante desgastante e antigo na nossa República. No início do século XX ano de 1904, nossa Capital Federal era o Rio de Janeiro e respondia pela Presidência da República o então Presidente Rodrigues Alves, comandava a Secretária da Saúde Pública, o reconhecido sanitarista brasileiro, Oswaldo Cruz. Tivemos a famosa revolta da vacina contra a varíola, que seria obrigatória.
Opositores ao governo e distribuindo informações falsas, o senador Barata Ribeiro e o deputado Barbosa Lima, incitaram a população contra aquilo que eles denominaram de maldades contra o povo, com invencionices mirabolantes, com a quebra dos direitos individuais, pela posição impositiva da vacinação, além de afirmarem que a honra do trabalhador estava em risco, pois esposas e filhas dos trabalhadores teriam que deixar à mostra braços, coxas e as nádegas para os funcionários escalados para a vacinação. Ademais a vacinação provocaria doenças de difícil cura.
Como podem perceber a situação não é singular, inclusive naquele período foi decretado o estado de sítio e cessando após a revogação obrigatória da vacina, depois de trinta mortos, 110 feridos e outros 1500 presos durante a rebelião. O que pode parecer uma briga de comadres a situação pode nos levar ao caos proposital e propositivo. Bem melhor se as partes se acertarem de forma objetiva e pontual, até porque a população já apresentou sua versão sobre o caso e já soma 85% dos brasileiros que querem se imunizar caso seja apresentada uma vacina considerada eficiente e eficaz.
Outra situação vem causando polêmica no Governo Federal é a falta de sintonia entre alguns ministros e seus ministérios. Especificamente o ministério do Meio Ambiente, tem sido castigado pela atuação do seu ministro Ricardo Salles, além de ser um profissional polêmico nas suas atitudes, o último caso envolvendo os brigadistas ou socorristas, a denominação pouco importa, o importante é que depois de suspender o trabalho desses meritórios profissionais, alegando falta de verba, tudo voltou à normalidade, depois de várias intervenções por parte de outros profissionais do governo.
Agora o próprio Ricardo Salles comprou uma briga como o ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos, em verdadeira ofensa descabida. Depois de ações corretivas dos Presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, em defesa do general Ramos, o ministro Salles apresentou pedidos de desculpas ao ofendido e Deus queira que seja mais um desentendimento por conta de orgulho machucado, talvez excesso de vaidade. Nesse momento o Brasil precisa mais, dos nossos administradores, de humildade e menos protagonismo desvairado.
Um caso que não podemos relevar é a situação crítica em que se meteu o presidente Bolsonaro, ele que não queria se meter na política municipal, apresentou apoio aos dois candidatos de sua confiança a prefeitos de São Paulo e Rio de Janeiro, Celso Russomanno e Marcelo Crivella, ambos do Partido Republicanos, essas candidaturas não decolaram, pelo contrário, Russomanno vem se desmilinguido dia após dia, e o Crivella já ostenta uma rejeição superior de 50%, portanto de difíceis resultados positivos.
Esses dois casos pode colocar o Bolsonaro no meio de um terremoto político, São Paulo e o Rio de Janeiro representam os dois maiores colégios eleitorais do país, caso ocorra o insucesso dos dois candidatos do presidente a repercussão negativa vai significar muitos pontos lá na frente, quando vierem as eleições presidenciais, aguardar a consumação dos fatos.
Genival Dantas
Poeta, Escritor e Jornalista
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