Na clarividência da jactância entre Poderes constituídos, para amenizar o estado de espírito, muitas vezes busco na infância, não tão distante, frases, imagens e até palavras paliativas, servindo de lenitivos, as dores provocadas pelas possíveis possibilidades de aprofundamento da crise institucional instalada no núcleo dos Três Poderes, repassada diretamente ao imaginário popular. Dessa vez retrocedi ao final dos anos 1950 e começo de 1960, quando no ápice da nossa infância brincávamos, em companhia de meninos e meninos, portanto, faz muito tempo que essa história de separação do masculino e feminino é mentalidade de preconceituosos.
Lembrando que nossos pais nos observavam, com olhares atentos, de suas cadeiras de balanço ou não, como a exprimir respeito, como a nos dizer, é bom e estamos de olho. Ali, ao meio-fio da calçada, ficávamos brincando de várias modalidades, dentre elas: passávamos o anel, normalmente uma pequena pedra, coletada na própria rua de paralelepípedo, a pedra ficava sempre às mãos das preferidas e imaginadas, garrafões, contávamos histórias, lendas, comumente regionais, tinha até a brincadeira de médicos e pacientes, sempre sem sermos enxeridos (substantivo ou adjetivo), muito usuais à época.
Havia todo o cuidado para mantermos um padrão de comportamento moral, para não incorrermos no risco da imoralidade, prática dos velhos costumes e modos. Não havia malícia nem pensamento que não fosse voltado à busca do conhecimento e condições para ajudar na própria sobrevivência, tanto nossa como dos nossos, as necessidades ou carências preenchiam os espaços em nossa volta.
Nesse raciocínio a lembrança me trouxe uma cantiga: Je suis pauvre, pauvre, pauvre Du Marais, Marais, Marais, je suis riche, riche, riche d’la mairie d’Issy (Eu sou pobre, pobre, pobre, de marré, marré, marré, eu sou rico, rico, rico de marré dessí), lembrando que Marais e Marais d’Issy são dois bairros parisienses, cuja semelhança na versão e aproximação da data de imigração das cantigas, início do século XlX, conforme a historicidade, foi a que mais me convenceu.
Esse introdutório foi para fazer menção à bazófia imposta aos pobres e indefesos contribuintes, pelos caciques dos Poderes da República. Travestidos de cadáveres ambulantes, fantasiados com mortalhas e adereços de mão, tipo pena das penas das inocentes aves, agora a serviço dos coiteiros da gentalha do submundo da política e corrupção e seus simpatizantes, admiradores e até seguidores.
A semana que se encerra foi feita de pantominas com totais lampejos, por parte de alguns ponderados, na tentativa de criar um ambiente menos ambíguo e reticencioso, um pouco mais distante do contencioso.
Dessa forma não nos furtamos a pedir, implorar, torcer, orar, para que o Senhor Bolsonaro, pare de palpitar, intuir, criar projetos, antes de consultar setores competentes para evitar atropelos, exclamações, tenebrosidades e incredulidades dos seus apoiadores, que já não são tantos, um exército de tão reduzido vai se transformando numa guarnição. Ele fica alheio à realidade triste e cruel contrária aos seus pontos de vistas, numa manobra contra o seu próprio governo, como quem a debochar da própria sina ou e seus adversários políticos, dessa forma, estreitando o caminho que conduz ao final do ano, já não digo mais ao final de 2022.
Foi criado um ambiente desfavorável, até mesmo no Judiciário, através do STJ, monocraticamente, pede explicações do Presidente Bolsonaro, prazo de cinco dias, de trechos do projeto do armamento e porte de arma, pois, o Legislativo está interpretando algumas inconstitucionalidades no seu esboço. O mesmo poder que trata as Leis como guardião, ele é questionado pela gula dos seus membros e paladar aguçado, pelos preços de cotação feita para suprimento de alguns víveres, produtos usados em grandes comemorações e festividades, longe do dia a dia dos miseráveis desse País!
No Congresso Nacional, há uma verdadeira dança da incredulidade, principalmente na Câmara dos Deputados, o Presidente da Casa, Rodrigo Maia tem se mantido aliado do Executivo dependendo da sua conveniência política, não difere muito do Presidente do Senado e Congresso, Davi Alcolumbre, os congressistas são reticentes quando o assunto é apoio político ao Governo Bolsonaro. A impressão que temos, principalmente no partido que deveria ser situacionista, o atual Presidente da República foi eleito pela sua legenda, mas, parece até um grupo de deslumbrado, não acreditando na realidade, fugindo e saltando do muro de apoio nas horas mais difíceis, com exceção de alguns devotados que tentam impedir o improvável.
Dessa forma, quando tudo parece um mar mais calmo vêm às ondas de muitos metros de altura e o Governo fica a mercê das suas próprias pernas já tão cambaleantes. Assim, ficamos vendo o Governo se definhando aos olhos nus, diante de uma plateia estupefata delirando sob o olhar crucificador dos adversários que se regozijam da triste sina do nosso País, depois da derrocada petista, vem à inabilidade de um político desalinhado até mesmo com seu pensamento, imagine com apoiadores, que mais parecem prófugos.
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