O Fato Sem Politicagem 07/9/2020
Lendo o último artigo do ex-presidente, Fernando Henrique Cardoso, intitulado “Reeleição e Crises”, 06/09, Jornal O Estado de São Paulo, a impressão que temos, em primeira mão, é de confissões de alguém solidário com sua história pregressa e até mesmo dos seus ancestrais, podemos dividir a expectativa em dois momentos bem distintos:
· Memória de um bisavô, reconhecimento histórico do império e do governo de Juscelino Kubitschek – o FHC foi longe, buscando no tempo a importância dos seus antepassados na construção da história do Brasil, citando a participação de um bisavô no período do Império, quando o governo já projetava a transferência da Capital Federal, do Rio de Janeiro para o Planalto Central, no Centro-Oeste brasileiro;
Não se esquecendo de enaltecer o simbolismo do JK no processo de transferência da sede administrativa do Governo Federal, importância fundamental para a oxigenação da cidade do Rio de Janeiro, não suportava mais o crescimento galopante que a política lhe imponha, sendo ela o centro das decisões nacionais e suas inconveniências, pelo fluxo da população flutuante que lhe era imposta;
Não tenho a menor dúvida, depois do Império e durante a República até o Governo JK, 1956/1961, aquele que foi efetivamente, o melhor período que o Brasil teve em termos de desenvolvimento e articulação para a industrialização que tivemos, contando com alguma infraestrutura que tínhamos e implantada em governos anteriores, tais como: rodovias, exploração do petróleo já em operação desde 1953 com a inauguração da Petrobras;
Não podemos esquecer que o salto industrial para o futuro que tivemos foi com a criação, no período JK, “cinquenta anos em cinco”, esse era o lema, o parque industrial das montadoras automobilísticas e a linha branca, com produção de geladeiras, maquinas de lavar roupas e louças, além dos televisores e sons diversos. Agregado a esses setores industriais surgiram no seu entorno as indústrias de peças e componentes, dessa forma o Brasil toma impulso e deixa de ser apenas um país da monocultura, passando a ser o país do futuro, reconhecido internacionalmente.
· Reconhecimento de erro no seu Governo – o fato do FHC reconhecer que foi um erro dele, ter patrocinado a reeleição durante seu primeiro mandato, sendo, portanto, reeleito em 1998, para seu segundo mandato, isso não lhe outorga passaporte para a Democracia, ele sempre foi um socialista de esquerda, antes da Dilma Rousseff dizer que faria até o diabo para se reeleger, o FHC já tinha feito isso, tanto é que, até hoje, a história da sua reeleição ficou mal contada, muitos boatos surgiram de compra de votos no Congresso Nacional, entretanto não há fatos comprobatórios nesse caso;
Sendo o partido do ex-presidente FHC (PSDB), com candidatos prováveis ao cargo de presidente da República, é muito estranha essa “mea culpa”, no momento em que o atual presidente, Bolsonaro, encontra-se em lua de mel com o eleitorado e distante dois anos de novas eleições federais e a esquerda petista, cambalachos mor da República;
Praticamente alijada da disputa para qualquer eleição no nosso país, mesmo que seu líder, condenado e ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, venha ser beneficiado por erro do STF, ou jeitinho brasileiro, venha aliviar sua pena, colocando-o em condições de disputar as próximas eleições, mesmo assim, que todos os partidos de oposição façam uma aliança mortal, para o país, não diria que a extrema direita, mas a direita não perderá a próxima disputa eleitoral;
Fernando Henrique Cardoso, quase nonagenário, em junho próximo fará 90 anos, depois de ter feito um governo de pouca notoriedade, numa imitação dos mesmos, única lembrança positiva foi o Plano Real, produto do Governo Itamar Franco, que teve seu projeto escondido pelo próprio FHC e até usado como bandeira para se eleger presidente da República, se apequena e fará parte da galeria dos indiferentes para o povo brasileiro, caso ele continue com essas alianças espúrias e cantilenas desafinadas, na política nacional.
É chegado o momento de definirmos o que realmente queremos, fazendo escolhas de pessoas erradas com políticas incertas para governar nosso país, ou buscarmos nas fileiras dos brasileiros dispostos a trabalharem pelo Brasil, sem interesses pessoais e de compadrios imorais, aqueles que só se servem do Estado em vez de servir o seu povo.
Alguém pode me perguntar, onde encontrar esses cidadãos, sinceramente não sei, acredito que a única forma de fazermos essa seleção é usarmos nossa consciência e pararmos de ser subservientes aos nossos achismos e buscarmos algo mais efetivo nas nossas comunidades, creio que encontraremos pessoas ainda em condições de dirigir nosso país com lisura, honestidade e brasilidade e com grande potencial de patriotismo, pois.
A priori eu não acredito no grupo que hoje faz parte da administração pública federal, tanto do Executivo, Legislativo e Judiciário, alguns são aproveitáveis, claro, o grande problema é quando tem que agrupar pessoas para fazer uma administração composta por ideologias diferentes e contaminada por administrações anteriores;
Enquanto esse Judiciário, que hoje temos, não for aposentado e oxigenado sem escolhas políticas, o Legislativo tiver uma mesa administrativa composta por componentes citados em assuntos nada Republicanos e no Executivo cujo comando paire, sobre ele, dúvidas sobre seus auxiliares, diretos ou não, com parentes sendo acusados de práticas ilegais e as soluções sendo procrastinadas, tudo isso torna a política simplesmente inconfiável e desacreditada.É hora de revermos nossos valores, ou não chegaremos a nenhum lugar digno de orgulharmos do nosso
Genival Dantas
Poeta, Escritor e Jornalista
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