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  • Foto do escritorGenival Dantas

A beligerância de Bolsonaro carcome e assolapa seu Governo (24/04/2020)


Como uma autofagia comportamental cada ação do Presidente Bolsonaro fica, cada vez mais, evidente a autodestruição de seu propósito político, o discurso mantém uma distancia enorme da sua prática, mesmo reconhecendo que ele seja uma pessoa com boas intenções, normalmente ele tem dificuldade de manter um projeto apresentado e executado na sequência, esse aspecto é recorrente desde o momento em que Bolsonaro se aboletou na Presidência da República, se antes isso era uma prática normal não posso afirmar, pois eu o desconhecia no seu comportamento como político.

Nos últimos dias Bolsonaro vem veredas de muitos espinhos tentando atingir o campo aberto sem presença de minas e armadilhas. Entretanto na proporção que ele avança vai desconstruindo trechos e pontes apresentados como variantes para se chegar aos objetivos traçados nos seus discursos de campanha.

Vejamos o que foi apresentado como de muita seriedade e os desvios executados, inclusive nos últimos dias de crescimento da pandemia do Covid-19. Em primeiro plano ele fez questão de se contrapor com seu Ministro da Saúde Henrique Mandetta, demitindo-o sem um motivo aparente a não ser a popularidade do Ministro que vinha causando ciúmes políticos ao Presidente. Assim ele agiu e o substituiu de imediato, sem antes fritá-lo vergonhosamente, como se fora uma vingança carregada de infantilidade.

Na sequência faz sua equipe de governo esboçar um projeto sócio econômico, com objetivo de implantá-lo em socorro ao mercado e ao emprego que fatalmente serão recessivos logo após a crise sanitária que estamos atravessando. Há severas críticas dentro do próprio governo, o projeto tem a cara do PAC-3, reedição dos PACs 1 e 2, dos governos Lula e Dilma, esses programas, aceleração do crescimento, se tratava de uma ponte para o futuro, político e eleitoreira, largado no caminho pelo estrago feito na economia, quando foi consumido belo capital financeiro e resultando em verdadeiro fracasso.

Naquela época existia sobra em caixa, o mundo sorria de felicidade pelo crescimento dos países desenvolvidos e, os em desenvolvimento, incluindo os emergentes, padrão que fazíamos parte dele. Hoje, além de uma crise em andamento na área da saúde, não apenas no Brasil, o planeta padece conjuntamente, temos dificuldades de fazermos caixa pela desvalorização dos nossos títulos no mercado internacional, além dos juros menores, portanto, absoluta falta de investidores no nosso mercado e papéis.

Como para Bolsonaro tudo que está ruim pode ser piorado, ele no auge do seu descontentamento com a Polícia Federal, inventa de substituir seu diretor geral, delegado Maurício Valeixo, o que faz sumariamente, cujo desfecho, por enquanto, foi à demissão em caráter irrevogável do Ministro da Justiça Sergio Moro, chefe direto do diretor da PF.

Para chegarmos ao ponto fatal, demissão do Ministro, aquele que foi eleito para o cargo por ser considerado, na voz do próprio Presidente Bolsonaro, como patrimônio nacional, quando esse era Juiz Federal, em Curitiba e respondia pela operação Lavajato naquela Capital, em conjunto com o MPF. É bom lembrar, no convite feito pelo Presidente ao Juiz, foi oferecido conceito de superministro, e carta branca, tanto a ele que seria da Justiça e Segurança Pública, e o Ministro Paulo Guedes, da Economia, tinha o mesmo tratamento.

Vejamos agora o desenrolar dos fatos e atitudes do Presidente para com o Ministro Sergio Moro, em ordem cronológica: em janeiro/2019 Sergio Moro prepara minuta para o Decreto das armas e foi totalmente ignorado pelo Presidente; fevereiro de 2019, o pacote anticrime, apresentado aos governadores e secretários de segurança pública foi enviado ao Congresso Nacional, essa era uma bandeira do Ministro e totalmente relevada a segundo plano pelo Bolsonaro; maio/2019, o Congresso Nacional, mediante o total descaso do Presidente da República, retira da Pasta do Ministro e transfere o Coaf para o Ministério da Economia, de Paulo Guedes.

Em agosto/2019, apesar de todo esforço do seu Ministro Moro, o Presidente prega que o governo precisa se afastar da prioridade do pacote anticrime para não atrapalhar a votação do Projeto da Previdência, na Câmara Federal; dezembro/2019, depois de desidratado o pacote anticrime de Moro finalmente é votado, totalmente desfigurado. Mesmo contra a opinião de Moro, o Presidente sanciona o Projeto, mantendo o Juiz de garantias para desgosto do seu Ministro Moro.

Já em 2020, janeiro, o Presidente inventa de fatiar o Ministério de Moro, Justiça e Segurança Pública, Moro ficaria com um deles e perderia a PF, PRF e Depen. Hoje a situação piora e Moro toma conhecimento da desoneração do diretor da PF, numa situação insustentável, só tem uma saída e em pronunciamento, presta contas ao público brasileiro e se despede dos seus funcionários do Ministério da Segurança Pública e Justiça.


Dessa forma e no meio de uma crise profunda, tanto na saúde como política, Sergio Moro mostra ser uma pessoa valorosa renuncia ao cargo e até mesmo uma futura projeção maior, quando era tido provável Ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), avisa que vai descansar, certamente depois da quarentena que lhe imposta depois de sair de um cargo de confiança, como era o seu, o ex-ministro mostra todo seu valor como homem e profissional, tenho certeza que, ele, que já é professor, não ficará longe do Direito, pela sua competência e reconhecimento nesse segmento, até internacionalmente.

Enquanto o Presidente Bolsonaro vai descumprindo promessas, trocando assessores de confiança para os brasileiros, trocando-os por políticos, presidentes e líderes de partidos, tais como: Valdemar Costa Neto, PL, Roberto Jefferson, PTB, e outros já convocados para se reunir com o Presidente Bolsonaro, numa tentativa de minar o poder político do Rodrigo Maia, DEM, e presidente da Câmara Federal, todos do Centrão. Essa nova aposta do Bolsonaro, trocando pessoas meritórias por elementos políticos com vínculos ao mensalão, combatido pelo ex-ministro Moro, mostra bem os descaminhos que a Democracia brasileira pode terminar. Só nos resta pedir ajuda a Deus, na terra ninguém pode nos ajudar.


Genival Torres Dantas

Poeta, escritor e Jornalista

genivaldantasrp@gmail.com.br



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