Águas passadas não movem moinhos nem mata a sede dos povos passados (21/04/2021)
O Fato Sem Politicagem 21/04/2021
Aproveitando esses últimos e próximos dias voltados para comemorações da terra e dos homens, índios, brancos, negros, amarelos e ou independente de sua origem, raça, até mesmo credo religioso, pois abril é um mês farto de fatos e histórias para serem relatadas e torna-las não esquecidas por mil razões e objetivos traçados pela própria dinâmica da história da civilização e sua transformação com a evolução dos tempos.
Vejamos como somos premiados por esse 4º mês do calendário Gregoriano, estabelecido em 1582, pelo papa Gregório Xlll (1502/1585) sequenciando o calendário Juliano, legado do Império Romano, implantando os acertos devidos e as correções necessárias para a boa marcação do tempo atual e futuro. Dessa forma podemos referendar o mês de abril para a evolução da nossa própria história com marcas profundas e por muitas gerações.
Entre 18 e 22 de abril fomos assoberbados por fatos e pessoas memoráveis, como vejamos: 18 de abril, nesse dia comemoramos o Dia Nacional do Livro Infantil, criado pela Lei nº 10.402 (08/01/2002) Art. 1º, quando ao mesmo tempo passamos a comemorar, conjuntamente o aniversário do nosso maior escritor, nessa área, Monteiro Lobato; responsável pela criação de tantas histórias infantis e seus personagens inesquecíveis que permearam nossa infância.
Foi em 1943, presidente Getúlio Vargas, cria o Dia do Índio, na data de 19 de abril em homenagem ao Primeiro Congresso Indigenista Interamericano, exatamente nesse dia de 19 de abril e no ano de 1940, no México. A nossa dívida com esses nativos sempre foi muito grande, principalmente pela nossa capacidade destrutiva que sempre impomos. Fizemos desse povo nossos servos e escravos desde o dia que os portugueses aqui desembarcaram.
Sequenciando as datas alusivas aos personagens da nossa história, dia 17 de fevereiro de 1970, por Decreto de nº 66.217, de 1970, assinado pelo presidente Emílio Garrastazu Médici, em homenagem ao patrono da diplomacia brasileira, José Maria da Silva Paranhos (Barão do Rio Branco) é criado o Dia do Diplomata e homenageado, doravante, todo dia 20 de abril. Não tenha dúvida que essa foi uma das mais dignas e reconhecidas homenagens que o Brasil já fez.
Pela Lei nº 4.897 de 09 de dezembro de 1965, assinada pelo presidente marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, o dia 21 de abril passou a ser uma data comemorativa ao ilustre brasileiro, Joaquim José da Silva Xavier (Tiradentes) apesar das controvérsias, Tiradentes marcou seu nome na história do Brasil pelo movimento da inconfidência mineira e suas consequências que desembarcaram na nossa independência, do jugo português, em 1922.
Desde os nossos primeiros estudos a data de 22 de abril de 1500 foi sempre lembrada como a que nos deu a origem para o planeta terra, quando Pedro Alvares Cabral aqui desembarcou e deu origem ao que hoje chamamos de Brasil, mesmo sabendo que antes dele aqui esteve em janeiro de 1500, o espanhol Vicente Yánez Pinzón desembarcou em nossas costas encontrando uma leva de indígenas calculados em aproximadamente 03 milhões espalhados pelas terras brasileiras.
Os números certamente não batem e nem mesmo se aproximam, o fato é que o Brasil teve seu início por muitas mãos, cabeças divergentes, culturas diversificadas, personalidades distintas e destinos incertos. Não fora essa diversidade, desde os primórdios tempos, o Brasil não teria chegado aos dias de hoje com pujança, glórias, fracassos, fome e misérias. Fizemos de tudo para não merecermos o estigma de pária do mundo, no tocante a manutenção das nossas florestas.
Quando eu escrevo que há controvérsia sobre os temas históricos e nossos heróis, eles são relativizados quando buscamos as diversas versões, narrados por historiados diferentes e divergentes, esses normalmente deixam vazar nas suas interpretações resquícios de paixões políticas e ideológicas. Não é nada fácil se manter ausente nas propostas de textos quando o propósito é opinativo a respeito do tema desenvolvido.
Trazendo o passado para dentro da nossa realidade atual, se for feita uma biografia dos políticos, Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Messias Bolsonaro vamos verificar que os historiadores favoráveis aos dois vão coloca-los em pedestal bem alto, chegando quase à beatificação de ambos. Entretanto se os históricos forem narrados por opositores, certamente, seus seguidores não vão ficar nada satisfeitos, pela demonização deles, o que seria natural dentro dos critérios levantados.
Quando tratamos da literatura infantil, nem mesmo o nosso célebre escritor da literatura infantil, Monteiro Lobato, foi atacado por correntes políticas contrárias ao seu amor ao Brasil e suas convicções quanto à futura exploração do petróleo, em solo brasileiro, pela empresa a ser criada no futuro, a Petrobrás (1953), ele falecera bem antes da sua criação (1948). É bom deixar claro que ninguém está imune aos críticos raivosos e sem noção da neutralidade ideológica.
Quando o assunto é a origem da nossa raça, por se tratar de um povo de miscigenação aguçada e a participação do índio na nossa mistura racial não é tão acentuada, o assunto é muito polêmico. Esquecemos que somos responsáveis pelo total isolamento desse povo em nossas terras, além de lhes tirar suas terras, os isolamos, além de levarmos nossas doenças e cultura da destruição para os que só pensavam em preservar a terra em nome da sua sobrevivência.
Nos últimos tempos transformamos nossa Diplomacia em balcão político, os nossos diplomatas têm tomado partido dos comandantes do Executivo, impingindo ideologias de forma tão escabrosa, mais acentuada ainda no governo de Jair Bolsonaro que tem se mostrado incoerente na sua política internacional, fazendo o Brasil um país desacreditado junto à comunidade internacional que não acredita mais nas nossas propostas de governos.
Dentro desse último tema a nossa posição chega ser ridicularizada pelos defensores da boa política no tratamento do meio ambiente. O nosso chanceler anterior, Ernesto Araújo, não deixou marcas positivas na sua gestão quando o assunto é preservação ambiental; outro ministro que é contestado pela maioria dos brasileiros e a própria imprensa internacional é o do meio ambiente, Ricardo Salles, pelas suas veleidades em defesa do projeto ecocida, em andamento e do governo atual.
Quando o assunto é desmatamento e fogo no nosso pantanal com extermínio da nossa sauna e a flora a situação é mais crítica que se parece, chegando ao limite da dramaticidade. Chegamos ao cúmulo do absurdo trocando o superintendente da PF no Amazonas, Alexandre Saraiva, por esse ter denunciado ao STF, com queixa-crime contra o ministro do meio ambiente, Ricardo Sales, por acusações de apoio do ministro aos vendedores de madeira ilegal da região.
A situação fica mais crítica pela mobilização internacional, por autoridades e ONGS, pedindo rigor do presidente dos EUA, Joe Biden. Esse caso fica incontrolável por estarmos a dois dias da abertura da cúpula do clima, e há uma correspondência do governo Bolsonaro empenhando ações futuras para consolidação no combate as derrubadas na Amazônia e a comunidade internacional quer um pouco mais de palavras, quer atitudes e comprometimento mais firme.
É muito triste para nós brasileiros ter um presidente sem nenhum crédito junto aos demais povos, descrédito atingido pelos compromissos assumidos em nome da presidência e o andamento dos fatos são totalmente disformes do acordado, sobretudo no caso da administração da crise existente hoje do nosso meio ambiente.
Não adianta insistir que ainda temos muito mais matas originais em nosso território que americanos e europeus, vivemos outra realidade e em novos tempos, aguas passadas não movem moinhos nem mata a sede dos povos de outros tempos. As nossas riquezas naturais, mormente, as existentes sobre a terra precisam de manutenção e acuidades, e as do subsolo necessitam ser exploradas dentro de uma responsabilidade pontual, sem a usura dos imponderados que se manifestam.
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